em outros centros, o cinema no Ceará foi precedido de várias demonstrações de
projeções luminosas, exibições primitivas de bioscópios, fantascópios,
animatógrafos, etc. Mas
cinema mesmo, quem o inaugurou no Estado foi o cidadão italiano Vittorio di
Maio, que se tornou conhecido em Fortaleza, aonde chegara em 1907. Di Maio que
, já no século XIX teria instalado o primeiro cinematógrafo no Rio, instala no
ano de sua chegada à capital cearense seu animatógrafo na parte dos fundos da
Maison Art Nouveau, na então Rua Municipal, depois 24 de Janeiro e atual
Guilherme Rocha. De instalações modestas, o Cinema Di Maio foi a casa pioneira
da arte cinematográfica no Ceará.
instalado o primeiro cinema de Fortaleza:
o Cinema Di Maio
salão de exibição era dividido ao meio por uma grade de madeira, que separava a
primeira classe, mais distante, e a segunda, mais próxima da tela. Bancos duros
na chamada “geral”. Havia enchentes aos domingos e por vezes alguns
espectadores ficavam em pé, provocando gritos e reclamações para que tirassem
os chapéus.
preços eram de mil reis a primeira classe e quinhentos reis a segunda, caros
para a época. Os filmes exibidos eram franceses e italianos, de curta metragem.
Havia sempre na programação um ou dois filmes naturais, muito panorâmicos e
parados. Completava o programa umas poucas fitas de maior extensão e uma fita cômica.
1909 o comerciante Henrique Messiano inaugura na Rua Barão do Rio Branco, quase
na esquina da Rua da Assembleia (atual rua São Paulo), o cinema Rio Branco. E
logo a seguir, Júlio Pinto oferece ao público seu cinema Casino Cearense também
chamado pelo nome do seu fundador.
filmes italianos e franceses eram dos produtores Ambrósio, de Torino e Cines de
Roma. Apreciadíssimo era o Pathé-Jornal, que tinha o slogan “tudo vê, tudo
sabe, tudo informa”.
Cinema Rio Branco instalado com mais capricho, havia uma boa orquestra, por
muito tempo dirigida pelo maestro Luigi Maria Smido. No programa distribuído
aos frequentadores constavam os números a serem executados pela orquestra. As
sessões noturnas eram duas e nos finais de semana, três.Por
algum tempo o Rio Branco foi o mais prestigiado dos cinemas da capital.
Casino Cearense (Cinema Júlio Pinto) era de instalação mais modesta, mas num
salão amplo. A projeção era feita na parede. Nos seus primórdios o Casino
Cearense teve orquestra. Depois passou a ter apenas um pianista na sala de
projeção. Foram seus pianistas Dona
Judith, que viera do Rio Grande do Sul, depois
seu sobrinho Napoleão Pegado, José Sales, o popular Pilombeta figura
popular e curiosa pela altura. Mas a última pianista do Casino foi a negra
Ambrosina Teodorico, que tinha outras irmãs também pianistas.
fachada campainhas estridentes que anunciavam o início e o término das
sessões. Com a morte do seu
proprietário, o Cinema Di Maio passaria por uma reforma e ganhou nova
denominação: Cinema Riche, de Luiz Severiano Ribeiro e Alfredo Salgado. Marcava
o modesto cinema de Fortaleza a entrada no mercado fonográfico de Luiz
Severiano Ribeiro, que viria a ser um dos maiores exibidores do Brasil,
chegando a possuir mais de 40 cinemas somente no Rio de Janeiro.
cinemas mais prestigiados da época: o Cine-teatro Majestic Palace e o Cine
Moderno.
1911 apareceu outra casa que marcaria época. Foi o Cine-teatro Politheama, da
empresa Rola & Irmão. Casa montada com certo apuro, no coração da cidade,
no meio do quarteirão mais importante de Fortaleza, na Praça do Ferreira.
Quando
surgiu o Politheama oferecendo maior conforto, logo se tornou o principal
cinema da cidade. Exibiu grandes filmes
e lançou no Ceará os filmes norte-americanos da William Fox Corporation.
Os
cinemas se mantinham heroica e milagrosamente com duas sessões de segunda a
sábado e três aos domingos, contando com a vesperal infantil. Geralmente a
última sessão era a mais concorrida mais por reunião de elegância do que pelo
filme. Nesse período apareceu ainda outro cinema localizado na Rua Floriano
Peixoto, esquina da Praça do Ferreira: denominava-se American-Kinema e teve
vida efêmera.
Até
1930, ir ao cinema não era um hábito arraigado da população. Contava-se aos
milhares as pessoas que, mesmo residindo no centro, jamais entraram num cinema.
Nunca foi possível até então, os cinemas funcionarem às tardes. E mesmo as
sessões noturnas só eram concorridas aos sábados, domingos e feriados, ou
quando se tratava de filmes sacros, como
Paixão de Cristo.
Nos
primeiros anos da década de 20 houve uma espécie de guerra dos cinemas, que
determinou que alguns deles, como o Rio Branco e o Júlio Pinto baixassem os
preços, que chegaram até 100 réis, isto é, 1 tostão. Mesmo assim, o cinema não
se popularizou como era esperado numa cidade de 70 a 80 mil
habitantes, sem muitas alternativas nos teatros, e sem outra diversão, a não ser um ou outro
circo, de qualidade discutível, que geralmente armava sua lona na Praça da Lagoinha
ou na Praça da Estação.
Depois
do Politheama, que teve seus dias de glória, como teatro inclusive, surgiu o
Majestic, em 1917, do empresário Luiz Severiano Ribeiro.

A inauguração do Cine
Teatro Majestic-Palace, em 1917, causou furor na
cidade, um equipamento moderno, e muito sofisticado. Foi instalado num imponente edifício de
quatro andares, na Rua Major Facundo, na Praça do Ferreira. O cinema sofreu
dois incêndios: o primeiro em 4 de abril de 1955, e o segundo, em 01 de janeiro
de 1968, determinou o encerramento do estabelecimento, devido a destruição da
sala de projeção.
Localizado na Praça do
Ferreira, no prédio mais alto da cidade, e em posição privilegiada, o
cinema-teatro era moderno, grande e confortável. Tiraria rapidamente da
competição o Politheama e se tornaria o cinema preferido da cidade.
650 cadeiras no térreo e nos dois andares onde ficavam os camarotes e na geral.
era a orquestra do Majestic: dois excelentes pianistas – Barros Figueiredo e
Raimundo Donizetti – os flautistas Antônio Moreira e Aristóteles, os
violinistas Joaquim Nunes e Edgar Nunes, o contrabaixo Boanerges e vários outros.
O
Majestic abrigou várias companhias teatrais e foi inaugurado pela transformista
Fátima Miris, a 14 de julho de 1917. Na sua vasta sala de espera havia um grande
quadro de Francesca Bertini, pintado pelo artista cearense Raimundo Siebra.
fim específico de uma casa exibidora de filmes, o Cine Moderno foi inaugurado
no dia 7 de setembro de 1922, na rua Major Facundo, 594, na Praça do Ferreira, dentro
das comemorações do primeiro centenário da Independência política do Brasil. A exploração do cinema
ficou a cargo do Sr. Luiz Severiano Ribeiro. A sala de
projeção ficava de frente para a rua, e tinha 709 poltronas de couro preto. Foi
o primeiro cinema a adotar a sonorização, com o filme Broadway Melody, em 1930.
O Cine Moderno foi fechado em 21.05.1968 e o prédio foi vendido para o grupo
Edson Queiroz, que promoveu sua demolição.
Depois
do Majestic, foi inaugurado o Cine Moderno, que logo se tornou o principal
cinema do Estado. À sua última sessão, nas noites de domingo, acorria toda a
sociedade de Fortaleza, que antes espairecia na retreta do Passeio Público. Antes
das nove, o mundo elegante abandonava o velho logradouro e desembocava pela Rua
major Facundo, desfilando pelas inúmeras rodas de calçada das residências dos sírios,
rumo ao Moderno.
Por
preguiça, comodidade ou até por motivo de ordem cultural ou econômica, o
cinema, até pelo menos 1926, não chegou a ser diversão popular nem efetiva da
cidade.
do livro
de ontem e anteontem, de Edigar de Alencar
fotos do Arquivo Nirez e do livre Tela Prateada, de Ary Bezerra Leite
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Contemporâneo aos cines de Di Maio e Júlio Pinto, houve outro, de um certo Júnior; o que levou a população a falar, como figura de retórica, que em Fortaleza, os cinemas eram de Maio, Junho e Julho.
Muito rica a história de Fortaleza, gostaria de saber mais detalhes sobre a pianista Ambrosina Teodorico e suas irmas. Alguém sabe onde consigo alguma coisa sobre elas?
Como Fortaleza era bonita no passado com baseado na cultura européia.