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A Praça é do Povo Como o céu é do condor
Castro Alves
Lei municipal de 06 de dezembro de 1842 autorizava a reforma do plano da cidade de Fortaleza, eliminando-se dele a rua do cotovelo, a fim de construir-se uma praça, que receberia o nome de Pedro II. Quem executaria o plano seria o presidente eleito da câmara, Antonio Rodrigues Ferreira, chamado o boticário Ferreira.

O novo logradouro foi chamado também de Feira Nova, Praça Municipal, até que foi batizado de Praça do Ferreira. A praça era na verdade um vasto areal movendo-se ao sabor da ventania. Era o ano de 1845 e Fortaleza não tinha mais do que 5.000 habitantes.
No inicio do novo século, Fortaleza já com 48.369 habitantes, melhora sensivelmente o seu aspecto urbano. 

Depois do boticário Ferreira foi o Coronel Guilherme Rocha (1892-1912), quem mais se empenhou na urbanização de Fortaleza, inaugurando em 1902, o jardim da Praça do Ferreira. Praças que eram tomadas de arbustos e capins foram ajardinadas pelo novo intendente.
A praça do Ferreira ganhou ainda, cinco quiosques, sendo quatro cafés que funcionavam em cada esquina da praça: Café Java, Café do Comércio, Restaurante Iracema e Café Elegante, e um quinto quiosque que servia de posto de fiscalização da companhia de luz. 

No centro do passeio foi colocado um catavento sobre uma cacimba gradeada, com uma imensa caixa d’água pintada de roxo. O centro onde ficava o jardim era cercado por grades de ferro. Havia 4 fileiras de bancos de taliscas verdes.

Em 1920 o então prefeito Godofredo Maciel (1920-1920) promoveu uma reforma: os quiosques foram retirados e foi construído um coreto no centro, onde a banda da polícia executava retretas às 5as. Feiras. A praça veio a ser modernizada mais uma vez em 1925, na nova gestão do prefeito Godofredo Maciel (1924-1928) com a transferência da caixa d’água, existente no centro da praça, para o Parque da Liberdade, com pavimentação a mosaico que persistiu até 1969, e com a construção de novo coreto, este coberto, que ficou na praça até 1933.

Pra%25C3%25A7a_do_Ferreira_com_coreto_1920 Caminhos e Descaminhos da Praça do Ferreira coreto da Praça do Ferreira foto: arquivo NIREZ

Em 1933 o prefeito Raimundo Girão (1932-1934) mandou demolir o coreto e no lugar mandou erguer no centro do logradouro a Coluna da Hora.



pra%C3%A7a+1935 Caminhos e Descaminhos da Praça do Ferreira Praça do Ferreira com a Coluna da Hora e sem o coreto – arquivo NIREZ

O histórico edifício da intendência municipal foi demolido em 1946 e no lugar foi construído o abrigo central. Concebido inicialmente como terminal de ônibus, foi inaugurado em 1949 pelo prefeito Acrisio Moreira da Rocha (1948-1951).


pra%C3%A7a+abrigo+central+1949 Caminhos e Descaminhos da Praça do Ferreira Abrigo Central em foto de 1949 – Arquivo NIREZ

Na gestão do prefeito Murilo Borges (1963-1967), em 1966, sob a alegação de que a construção estava comprometida, foram demolidos o abrigo central e a coluna da hora. A reforma, feita à revelia da vontade popular, como era usual na vigência do regime militar, desagradou à maioria da população.

pra%C3%A7a+gestao+jvalter+cavalcante Caminhos e Descaminhos da Praça do Ferreira Praça do Ferreira anos 60 depois da reforma
foto: arquivo NIREZ


A reforma terminou em 1969, já na administração do prefeito José Walter Cavalcante (1967-1971), deixando a praça totalmente descaracterizada. Nessa época o local teve instalações subterrâneas que abrigaram a Galeria Antônio Bandeira até sua última reforma.
Em 1991 a praça foi novamente reformada, na gestão de Prefeito Juraci Magalhães (1990-1993). O velho poço foi encontrado e mantido e foi novamente erguida a Coluna da Hora em estilo semelhante a primeira, com projeto contemporâneo dos arquitetos Fausto Nilo e Delberg ponce de León.


pra%C3%A7a+283+anos Caminhos e Descaminhos da Praça do Ferreira A Praça como é atualmente foto: reprodução


Através da Lei municipal n° 8605, de 20.12.2001, a Praça do Ferreira foi declarada Marco Histórico e Patrimonial de Fortaleza.
Nos últimos anos, todos os acontecimentos da cidade, sejam eventos políticos, carnavalescos, juninos, literários, culturais, folclóricos, movimentos paredistas ou de protestos, passaram pela Praça do Ferreira; o que acontecer, se acontecer, acontecerá primeiro na Praça do Ferreira, o coração de Fortaleza, a Praça do Povo.
fontes:
Fortaleza e a Crônica Histórica autor Raimundo Girão
Fortaleza Descalça autor Otacílio de Azevedo
História Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade autor Mozart Soriano Aderaldo
Revista Fortaleza Fascículo n° 9 – A Nossa História de 04.06.2006 – Editora O Povo

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0 comentário

  1. Oi Fátima, muita boa essa postagem sobre a praça do ferreira, mas bem que vc podia dar os dados completos dos livros que vc usou,tenho procurado obras s/fortaleza mas não acho com facilidade.obrigado

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mfgprodema@yahoo.com.br

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