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Costa Netto)
urbanos, aliados a processos de urbanização diferenciados acabaram mostrando as
diversas faces que uma mesma cidade pode apresentar, dependendo do bairro e da
classe social da população que o ocupa. A face mais visível é a existência de
duas cidades dentro da cidade, que convivem e coexistem pacificamente, lado a
lado: de um lado a cidade legal onde se encontra presentes todos os serviços e
infraestrutura urbana, e de outro, a cidade ilegal ou clandestina, que se caracteriza
pela ausência de normas legais e urbanísticas.
Em Fortaleza essa convivência entre os social e
economicamente desiguais se verifica em quase todos os bairros, mas o processo
é mais visível em bairros considerados de classe média e alta, como a Aldeota e
o Meireles, por exemplo, onde o contraste é gritante.
quando as famílias detentoras de recursos mudaram do Centro para os bairros do
Benfica Jacarecanga, e mais tarde, para a Aldeota, até então uma região quase
desabitada, conhecida por sua flora abundante. O Meireles foi só um prolongamento
da Aldeota, a origem é a mesma.
moradores, constituídos principalmente de famílias de pescadores, que viviam da
pesca em jangadas, e outros trabalhadores de baixa renda, de ocupações
variadas. Todos moravam em casas simples, à beira-mar, na região hoje conhecida
como Meireles e Mucuripe. Com a construção da Avenida Beira-Mar, no início da
década de 1960, esses moradores foram expulsos para outras partes da cidade,
dada a súbita valorização da área, e a descoberta do potencial econômico
daquele trecho da orla marítima.
Avenida Santos Dumont, foram construídas mansões e mais tarde, edifícios luxuosos;
o Capital e a especulação imobiliária transformaram a orla marítima da zona
leste de Fortaleza no metro quadrado mais caro da cidade, e atraíram para aquela
região hotéis, restaurantes, muito investimento por parte do poder público, serviços
de toda espécie, muitos visitantes, muitos turistas.
da Aldeota e seus vizinhos: imóveis caros, local de boas moradias, muitas
opções de lazer, grande oferta de bens e serviços, a zona nobre da cidade.
Mas alguns dos moradores antigos, menos abonados,
resolveram ficar por lá, num aglomerado de casas simples, que por não acompanharem o padrão das construções
recentes, viraram “comunidades”.
Um desses espaços de resistência, localizado no
Meireles, entre as Ruas José Villar e Nunes Valente é a Comunidade do Campo do América, onde
residem cerca de 4 mil famílias. O local existe, segundo moradores mais
antigos, há mais de 100 anos, e as casas
foram construídas em torno de um antigo campo de futebol que teria pertencido
ao América Futebol Clube. Medindo 4.378 metros quadrados, o chamado Campo do
América, que deu nome ao lugar, foi apropriado pela comunidade, e passou a
receber diversos eventos.
e entregue à comunidade, encerrando uma longa disputa pela posse do terreno,
entre prefeitura e INSS que alegava ser o proprietário daquela área.
Santa Cecília conhecida por “Comunidade das Quadras”, localizado entre a
Avenida Virgílio Távora, e as Ruas Beni de Carvalho, General Tertuliano Potiguara
e Vicente Leite. A comunidade surgiu por volta de 1956, quando os primeiros moradores se fixaram no local, dentro
dos conceitos de cidade ilegal, sem infraestrutura, sem serviços básicos, e
invisível aos olhos do poder público.
Os casebres foram construídos de forma
irregular, sem alinhamento, invadindo calçadas e terrenos alheios. Havia casas
até junto ao muro do Colégio Santa Cecília. A proposta de urbanização foi feita
pela então primeira dama do estado, Dona Luiza Távora, a partir de uma visita realizada na comunidade, após ter
recebido uma carta de um líder comunitário da época. Naquela ocasião, fins dos
anos 70, o governo do Estado (Virgílio Távora – 1979-1982), instituía o PROAFA – Programa de Assistência às
favelas da Região Metropolitana, que visava não a remoção de favelas, mas a sua
urbanização e a manutenção das famílias na área.
Foram construídas inicialmente cerca de 100 residências
num terreno de esquina das ruas Beni de Carvalho com José Bonifácio, de
propriedade da justiça. Depois construíram mais cem até se completar a
urbanização do local. As residências eram todas iguais, construção de boa
qualidade. A urbanização serviu para reordenar o espaço urbano naquela região,
além de delimitar a área da comunidade, e inibir seu crescimento.
para novos empreendimentos, a supervalorização e o
consequente recrudescimento da
especulação imobiliária na Aldeota, é provável que essas comunidades venham a ser
desalojadas de seu espaço de moradia e convivência. Apesar da vigência do
Estatuto da Cidade (que a prevê a legalização da posse nos assentamentos urbanos
irregulares através de mecanismos legais),
as áreas ocupadas pelas comunidades nunca deixarão de ser lembradas como alternativas
para novas habitações com o padrão Aldeota de ser.
Ceará: Luiza Távora na gestão do social. / Moíza Sibéria Silva de Medeiros Dissertação
(Mestrado) Universidade Estadual do Ceará,Disponível em http://www.uece.br/politicasuece/dmdocuments/dissertacao_moiza_siberia.pdf
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Olá gente! Parabéns pelo artigo! Queria saber se vocês poderiam me enviar as fotos originais, sem a marca d'água. Vou apresentar um trabalho sobre Percepções Urbanas de Fortaleza em um mestrado na Suécia e essas fotos seriam perfeitas para ilustrar alguns itens. Faço referência ao site de vocês na bibliografia. Desde já agradeço pela atenção! Qualquer coisa meu e-mail é nathiveras@hotmail.com.
olá Nathalia, obrigada pela visita, enviei as fotos para seu email.
abs
Bom dia Fatima
Você sabe qual foi o órgão da prefeitura que absorveu o serviço do PROAFA?
na época meu pai pagou algumas taxas para ter a liberação do documento do imóvel e eu gostaria de saber se eles tem esses documentos
Este comentário foi removido pelo autor.
isso e uma ato de preconceito, isso nao e uma favela sim uma comunidade FAVELA e a rocinha e outros…..
Este comentário foi removido pelo autor.