imagem: http://releiturape.wordpress.com
O
QUE MAIS DÓI
QUE MAIS DÓI
O
que mais dói não é sofrer saudade
Do
amor querido que se encontra ausente
Nem
a lembrança que o coração sente
Dos
belos sonhos da primeira idade.
Não
é também a dura crueldade
Do
falso amigo, quando engana a gente,
Nem
os martírios de uma dor latente,
Quando
a moléstia o nosso corpo invade.
O
que mais dói e o peito nos oprime,
E
nos revolta mais que o próprio crime,
Não
é perder da posição um grau.
É
ver os votos de um país inteiro,
Desde
o praciano ao camponês roceiro,
Pra
eleger um presidente mau.
Assaré fica no sertão sul do Ceará. O poeta roceiro
continua fiel à sua paisagem, de lá ele descortina o mundo. Publicado em sucessivas edições nacionais
esgotadas, estudado na França e na Inglaterra, ele costumava, todas as manhãs
olhar o horizonte em busca de sinais de um bom inverno. Fiel à poesia que ele
debulhava na memória como um rosário infindo, e à sua gente.
Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa de Assaré,
ex-cantador de viola, roceiro a vida toda, é a poesia em pessoa. Sua obra está
longe de caber nos folhetos de cordel até aqui publicados. Mas o poeta guardava
toda ele, de cor e salteado em sua memória. Com a mesma facilidade com que
declamava horas seguidas seus versos para multidões sempre atentas, ele compunha
de cabeça, sem recorrer a escrita, e quase tão somente se comunicava por meio
deles.
Patativa era também a síntese de sua gente, do
camponês nordestino, que se depara com uma realidade físico-social
permanentemente adversa. Do emigrante que deixa sua terra natal expulso pela
injustiça e tenta sobreviver nas grandes cidades. Como ninguém, o velho poeta
conhecia os sonhos e o sofrimento do seu povo; como ninguém esse lendário
sertanejo soube transformá-los em poesia.
Porque em Patativa, a poesia era decorrente da vida. Ato
simples e essencial como conversar, alimentar-se, matar a sede, pensar e
respirar. Raciocinava e falava em língua poética. Frequentemente o poeta era
abordado nas ruas, nas escolas, nas roças, nos caminhos sem fim dos sertões ou
na turbulência dos grandes centros urbanos, para dizer suas poesias. Grande parte
dos seus admiradores sabe de cor os seus poemas, que são praticamente de domínio
popular.
Certa vez Patativa do Assaré fez uns versos contra
um político e foi preso por alguns minutos em um quartel. Lá, em uma gaiola,
cantava uma patativa. O poeta de improviso, fez estes versos:
continua fiel à sua paisagem, de lá ele descortina o mundo. Publicado em sucessivas edições nacionais
esgotadas, estudado na França e na Inglaterra, ele costumava, todas as manhãs
olhar o horizonte em busca de sinais de um bom inverno. Fiel à poesia que ele
debulhava na memória como um rosário infindo, e à sua gente.
Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa de Assaré,
ex-cantador de viola, roceiro a vida toda, é a poesia em pessoa. Sua obra está
longe de caber nos folhetos de cordel até aqui publicados. Mas o poeta guardava
toda ele, de cor e salteado em sua memória. Com a mesma facilidade com que
declamava horas seguidas seus versos para multidões sempre atentas, ele compunha
de cabeça, sem recorrer a escrita, e quase tão somente se comunicava por meio
deles.
Patativa era também a síntese de sua gente, do
camponês nordestino, que se depara com uma realidade físico-social
permanentemente adversa. Do emigrante que deixa sua terra natal expulso pela
injustiça e tenta sobreviver nas grandes cidades. Como ninguém, o velho poeta
conhecia os sonhos e o sofrimento do seu povo; como ninguém esse lendário
sertanejo soube transformá-los em poesia.
Porque em Patativa, a poesia era decorrente da vida. Ato
simples e essencial como conversar, alimentar-se, matar a sede, pensar e
respirar. Raciocinava e falava em língua poética. Frequentemente o poeta era
abordado nas ruas, nas escolas, nas roças, nos caminhos sem fim dos sertões ou
na turbulência dos grandes centros urbanos, para dizer suas poesias. Grande parte
dos seus admiradores sabe de cor os seus poemas, que são praticamente de domínio
popular.
Certa vez Patativa do Assaré fez uns versos contra
um político e foi preso por alguns minutos em um quartel. Lá, em uma gaiola,
cantava uma patativa. O poeta de improviso, fez estes versos:
Nessa
Gaiola cativa
Gaiola cativa
Embora
bem diferente
bem diferente
Eu
também sou Patativa
também sou Patativa
Linda
vizinha pequena
vizinha pequena
Temos
o mesmo desgosto
o mesmo desgosto
Sofremos
da mesma pena
da mesma pena
Embora
em sentido oposto
em sentido oposto
Meu
sofrer e teu penar
sofrer e teu penar
Clamam
a vizinha lei
a vizinha lei
tu
presa para cantar
presa para cantar
e
eu preso porque cantei.
eu preso porque cantei.
extraído do livro Ceará dos Anos 90 – censo cultural
Compartilhe com alguém
Oi Fátima, tudo bem? Meu nome é Danielle e sou uma visitante assídua do seu blog. Tenho um blog também, o Rodando pelo Ceará (http://www.rodandopeloceara.com.br/) e gostaria de incluir o seu na lista que iremos fazer de outros blogs que falam do nosso estado. Abração