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Paula_Ney Paula Ney o poeta de Fortaleza

Paula
Ney foi aluno do Liceu e do Seminário da Prainha. Mas nunca gostou de estudar,
era um aluno rebelde. Enquanto estudava no Seminário, costumava fazer discursos
contra os antigos métodos de violência empregado para o aprendizado das
matérias. Como resultado, foi expulso por mau comportamento. No Liceu, a
história se repetiu, sendo reprovado por conta de grande desentendimento com um
professor de inglês.

Por
causa de sua inadaptação, foi mandado pelo pai para o Rio de Janeiro, para
estudar Direito; a mãe preferia que estudasse Medicina; no final, Paula Ney não
seguiria nenhuma dessas profissões. Iniciou-se no jornalismo na “Gazeta de
Notícias”, participou de comícios pela abolição da escravatura ao lado de José
do Patrocínio, além de escrever em favor da liberdade. Mas, para atender as expectativas da mãe, matriculou-se na Escola
de Medicina, que pouco frequentava. Comparecia apenas para realizar exames
orais, conseguindo sucesso pelas amizades com os professores e gozações nas respostas:

Diga ao menos quantos ossos tem o crânio de um homem … – não me recordo
professor… mas tenho-os todos aqui na cabeça.
Fica satisfeito o primeiro
examinador. Vai para avaliação do segundo:


vou fazer a primeira pergunta. Se o senhor responder nada mais lhe perguntarei,
dar-me-ei por satisfeito. “Diga-me quantos fios de cabelo tem o senhor?”


duzentos e sessenta e cinco mil oitocentos e novecentos e quatro…


mas como o senhor chegou a essa conclusão?


caro professor, não se esqueça que o senhor garantiu que só faria uma pergunta.
Trato é trato.

E
é aprovado em Anatomia. No exame de Cirurgia teve de se haver com o Visconde de
Saboia. Nada sabe do ponto sorteado. Resolve então fazer literatura.


a mentalidade humana vive num oceano de hipóteses e de dúvidas… os sábios vão
ao fundo, na ânsia das pesquisas, com o peso da inteligência…


e a ignorância? Pergunta-lhe o Visconde.


essa boia.

Mas
essa vida fácil na Faculdade de Medicina não podia continuar eternamente. E foi
ao prestar exame de Obstetrícia, com o professor Feijó Junior, que o fez dar
por encerrada sua futura profissão de médico. Ao ser sabatinado, não conseguiu
articular uma resposta, o que fez com que o professor dissesse: 

“senhor Paula
Ney… então não sabe isso? É incrível, uma coisa tão fácil…olhe que o que
estou lhe perguntando é coisa que sei desde que nasci
…”

Ney
então compreende que está perdido. E quebra o silêncio fazendo a sala explodir
numa gargalhada: – se o senhor sabe isso desde que que nasceu, então a senhora
sua mãe devia ter uma biblioteca dentro do ventre

Estava
terminada a sabatina, e encerrado o curso para o aluno. Paula Ney nunca mais
voltaria à Escola.

Francisco
de Paula Ney, nascido em Aracati, no dia 2 de fevereiro de 1858, representa uma geração de poetas boêmios, despreocupada com a vida
e com o futuro. Somente o prazer dos amigos, as rodas literárias e as serenatas
faziam sentido nessa existência alegre e poética. Fazia versos nas mesas dos
cafés, na primeira folha de papel que lhe viesse as mãos. Gostava de dar asas a
imaginação, comentando os mais diversos fatos, passando de literatura para a
política, da política para as artes, das artes para a prisão do último ladrão. Era
um orador de alta classe, porque de pequenas coisas sabia extrair grandes
motivos.

Em
seu “Dicionário Bibliográfico”, o Barão de Studart afirma que Paula Ney foi
nomeado diretor da Hospedaria de Emigrantes pelo marechal Floriano Peixoto, e
foi destituído do cargo pelo governo de Prudente de Morais. A trajetória de
Paula Ney foi interrompida no dia 13 de outubro de 1897, quando faleceu vítima de tuberculose.
Tinha 39 anos.


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Os cafés da Praça do Ferreira, que Paula Ney provavelmente frequentou, e foto ilustrativa da Praia de Iracema dos anos 90.


Ao
longe, em brancas praias embalada

Pelas
ondas azuis dos verdes mares

A
Fortaleza – a loura desposada

Do
sol – dormita à sombra dos palmares


Loura
de sol e branca de luares,

Como
uma hóstia de luz cristalizada

Entre
verbenas e jardins pousada

Na
brancura de místicos altares



canta em cada ramo um passarinho


pipilos de amor em cada ninho

Na
solidão dos verdes matagais…


É
minha terra, a terra de Iracema,

O
decantado e esplêndido poema

De
alegria e beleza universais

 

Extraído
dos livros “A História do Ceará Passa Por esta Rua”, de Rogaciano Leite Filho e
Fortaleza 1910, Imprensa Universitária/UFC. Publicação FortalezaemFotos. Fotos Wikipédia, Arquivo Nirez e acervo particular. 

 

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mfgprodema@yahoo.com.br

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