grandes capitais ou em pequenas cidades, os cafés e bares eram pontos de
encontro e muita conversa fiada em torno dos mais variados assuntos, alguns de
grande, outros de nenhuma importância. E eram nos cafés que ocorriam as grandes
discussões sobre literatura e os assuntos relevantes da época. Os bares e cafés eram
redutos masculinos, a única mulher que era vista nesses estabelecimentos do
centro, se chamava Rachel de Queiroz, isso a partir dos anos 30.
e Guilherme Rocha. O sobrado mais alto, à esquerda, pertenceu ao comendador
Machado, onde no térreo, funcionava o Café Riche. Na outra esquina, em frente
ao sobrado, ficava a Maison Art-Nouveau. Atualmente, nesse mesmo cruzamento estão
o Excelsior Hotel e o edifício Granito. Foto da 1ª metade dos anos 20
hábitos urbanos contribuíram para o desaparecimento dos cafés, espaços de alta
expressão na vida das cidades, como foco de debates de ideias, de comentários
políticos e às vezes de mexericos sociais. Alguns desses cafés, permaneceram por longos anos, servindo como ponto de encontro da elite intelectual de Fortaleza.
intelectual que marcou época em Fortaleza, fazia sua parada obrigatória no Café
Java, um quiosque modesto, armado no canto da Praça do Ferreira, em frente ao
edifício da Rotisserie, hoje Caixa Econômica. Naquele local nasceu a
controvertida Padaria Espiritual, assinalando uma das épocas mais curiosas da
história de Fortaleza.
chamava Manoel Pereira dos Santos, e atendia pela alcunha de Mané Coco, um dos
tipos mais bizarros daqueles tempos. O Mané Coco – segundo a descrição de
Antônio Sales – era uma excelente pessoa, muito inteligente, embora destituído
de cultura. Apreciava aquela mocidade que, a pretexto de um cafezinho no seu
estabelecimento, vinha prosar e poetizar.
de 1890. Depois se juntam 34 moços, metade poetas: funcionários da alfândega,
caixeiros, migrantes. Estava formado o embrião do grupo literário que ficou
conhecido como “Padaria Espiritual”.
reforma feita na praça na primeira gestão do Prefeito Godofredo Maciel , em
1920, os quiosques foram demolidos. Sobre o episódio, Antônio Sales escreveu
estas palavras de mágoa: esta noite, ao sair do cinema, parei defronte dos
destroços fúnebres do Café Java, sacrificado à estética da Praça do Ferreira,
que é o centro vital de nossa urbe. E nessa contemplação, veio-me uma grande
tristeza e uma grande saudade. Ali reinou Mané Coco, o fundador dessa
instituição popular que era o café, hoje desaparecido.
e Guilherme Rocha, no lugar do atual Edifício Granito. Fora uma casa de louça e
vidros – Casa Almeida – de que era sócio José Rola. Ao mudar-se para a esquina
das ruas Guilherme Rocha e Barão do Rio Branco, ele abriu um bar-confeitaria e
um teatrinho, onde funcionou o Cinema Di Maio e depois o Cinema Riche.
Art-Nouveau era seu sócio o genro Augusto Fiúza Pequeno, que ficando
responsável pelo negócio, associou-se a Hildebrando Acioli. Esteve a Maison daí
por diante, ora nas mãos do dono, ora dos arrendatários.
Os dois irmãos Eugênio a exploraram durante largo
período – 22 de junho de 1922 a 12 de outubro de 1928, dia em que a repassaram
para Edilberto Góis Ferreira. O russo Jacó Braunstein foi o último
arrendatário.
A história elegante e literária de Fortaleza não
pode ser contada sem a Art-Nouveau, pois veio ela a suprir velha lacuna,
propiciando ao mundo chique e literário
os mais eufóricos encontros, num intercâmbio de amizades, camaradagens e trocas
de ideias. O Art-Nouveau reunia em suas mesas, palestrantes, poetas, homens de
letras, cronistas, historiadores e humoristas, os mais diversos. Presenças que
conferiam prestigio ao estabelecimento, mas que pouco rendiam em termos
financeiros.
sensivelmente o movimento da Maison, porém foi retomado à medida que aquele fracassava,
invadida as suas mesas por malandros e gente de menor aceitação. Paralelamente
ocupavam bancas da Art-Nouveau muitos empregados do comércio, que aproveitavam para
isso o pequeno intervalo do almoço; quase todos os alunos da Escola de Comércio
Fênix Caixeiral e clientes com menor poder aquisitivo. A Maison encerrou suas atividades ao ser consumida por
um incêndio por volta de 1930.
propriedade de Alfredo Salgado e Luiz Severiano Ribeiro, o futuro rei do cinema
no Brasil. Ocupava o andar térreo do sobrado, enquanto nos andares superiores
funcionava o Hotel Central. Vizinho, um casal de americanos havia iniciado a
exploração do restaurante Black and White, gerenciado por João Quinderé. Como
não tinha condições de se manter, foi anexado ao Café Riche, que foi ampliado
com uma seção onde eram servidas refeições.
construir em 1825, pelo Comendador José Antônio Machado. A construção foi
confiada ao Coronel Conrado Jacó de Niemeyer (o mesmo homem que atuou como
presidente da Comissão Militar responsável pelo fuzilamento dos heróis da República
do Equador, em 1825, no Passeio Público).
arenoso, de areias frouxas não suportaria a construção de uma casa daquela
altura. Até os pedreiros mostraram receio, mas foram obrigados a levantar a
obra com o auxilio dos presos da Cadeia do Crime. E nenhuma construção da
cidade enfrentou tão bem as intempéries.
A sua demolição ocorreu em 1927, quando estava o
sobrado na posse e domínio do capitalista Plácido de Carvalho. Para isso, no
ano anterior, o Riche havia sido fechado. Antes, habitaram os dois andares de
cima, a Família Gradvohl, ocupados os baixos pela Loja Boa Fé, de Gradvohl
& Picard, firma que transformou em Gradvohl Frères.
O Café Riche apresentava relativo luxo e servia bem,
razão pela qual ia sendo procurado, em prejuízo da Maison. A roda de
intelectuais que ali assistia destacou-se pelo bom padrão dos seus integrantes.
Para maior bem estar da freguesia eram colocados, à tarde, mesinhas desarmáveis
num tablado que avançava contra a Rua Major Facundo, cobrindo a sarjeta e,
assim, ampliando a calçada. As mesas internas eram de mármore, oitavadas e de
tripés de ferro prateado, imitando galhos retorcidos.
Na alvura do mármore,
muitas poesias foram escritas, reproduzidas ou ali mesmo improvisadas. De repente o Café Riche começou a decair, ao
ter suas mesas invadidas por malandros e pessoas de menor aceitação. Os
clientes tradicionais debandaram em busca de novos espaços, e o café fechou
suas portas em 1926.
Otacílio de Azevedo – Fortaleza Descalça
fotos do Arquivo Nirez
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Lnda minha querida formosinha FORTALEZA.Lógico que não vivi essa época,mas que dá uma nostalgia ver uma cidade como a nossa tão bela, de uma arquitetura desse padrão ter hoje ,tão pouca coisa preservada.Para minha pessoa,acho lástimavel.Muito feliz por conhecer um pouco da nossa histótia contada por uma pessoa inteligente.Parabéns ,muito bom mesmo.