despejando-se no mar, o riacho Pajeú
dividia a vila em dois bairros. Na sua margem direita e em direção ao nascente,
elevava-se o planalto do Outeiro da Prainha, com seus sítios carregados de
coqueiros, de onde se descortinava, do alto e ladeira abaixo, a orla ensolarada
da vila banhada pelas águas do
Atlântico.
foi levantada a fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Ao seu redor, em terras
ligeiramente acidentadas e protegidas pelos bastiões do forte, crescia o
comércio, o centro administrativo e o primeiro bairro residencial de Fortaleza
que, a partir de 1823 adquiria foros de cidade.
direções as Estradas do Cocó e de Jacarecanga, assim como os antigos caminhos
que levavam aos aldeamentos indígenas: o de Soure (Caucaia), o de Paupina
(Messejana) e aquele que se voltava para os sertões dirigindo-se para o Caminho
de Arronches (Parangaba).
Logradouros e casarões contam a história de Fortaleza,
desvelando famílias que por ali viveram e marcaram a crônica da cidade em
diferentes épocas, pelo seu destaque na vida econômica, política e social.
Dirigindo-se ao caminho de Arronches, através de crônicas antigas, velhos
casarões evocam um caleidoscópio de imagens de pessoas e fatos que promoveram a
construção da cidade. Dominando logradouros
com suas imponentes fachadas, essas antigas moradas – registro de uma época –
alinharam e deram nomes ás ruas. Em seus festivos salões, iniciou-se o cultivo
da sociabilidade requintada, antecedendo a formação dos grandes clubes e a
história elegante de Fortaleza.
o início do Benfica. As águas deste elevado desciam e, juntando-se às mais
volumosas que vinham da Lagoinha, formavam na atual Praça do Coração de Jesus,
a Lagoa do Garrote.
espaço de tempo, pelo bairro da Aldeota, baixavam córregos que se juntavam ao
Pajeú. Acrescido dessas águas, corria o riacho livremente, deslizando por seu
vale tortuoso com seu movimento regulado pelas forças vivas das lagoas do
Garrote e da Lagoinha.
O bairro do Garrote nasceu de aterros e construções na Lagoa
do Garrote. Em homenagem à abolição da escravatura, as últimas águas dessa
lagoa foram represadas, criando ali o Parque da Liberdade. Construído pelo
engenheiro Romualdo de Carvalho Barros e auxiliado por Isaac Correia do Amaral,
o parque mudou de nome no tempo do centenário da Independência, passando a se
chamar de Parque da Independência, para mais tarde ser reconhecido pelo seu
primeiro nome. Popularmente, no entanto, é chamado de Cidade da Criança, desde
que ali se instalou em 1937, uma escola dirigida pela professora Alba Frota. O
Largo do Garrote, agora Praça dos Voluntários, comunicava-se livremente com o
Parque da Liberdade até 1939, quando se formaram dois logradouros distintos, depois
da construção nesta passagem, da sede própria do Clube Iracema.
Maximiano Leite Barbosa, pai do fundador do
ideal Clube, residiu em um palacete que ladeava o Parque da Liberdade. Herdado
por sua filha Maria Luiza, o imóvel já abrigou a Biblioteca Pública do Estado, e
é ocupado atualmente pela Associação Beneficente Cearense de Reabilitação. Outros membros da família ocupavam os casarões
vizinhos, e alinhado a estes, está a casa onde nasceu o ex-presidente Humberto
de Alencar Castelo Branco.
castanholeiras e mangueiras, encontrava-se uma das principais residências dos
meados do século, o palacete de Vitoriano Augusto Borges. Em 1873 esta
residência foi adquirida pelo Tesouro provincial para instalação do antigo
Liceu do Ceará. Um pouco mais adiante, seguindo o movimento das águas,
margeando o Pajeú na esquina do Beco do Pocinho, situava-se a chácara do
português Manuel Caetano de Gouveia, que exerceu enorme influência econômica e
social em Fortaleza. Nesta chácara localizava-se o famoso Cajueiro do Fagundes,
que em tempos coloniais serviu de ponto de venda do açougueiro Fagundes. O Comendador Manuel Caetano de Gouveia deu
origem á família Gouveia em Fortaleza.
Matriz no meio da Praça do Conselho, onde hoje se encontra a Catedral Metropolitana, e em frente dessa, o
pelourinho. Por ali passava a Rua da Matriz, que se seguia com o nome
de Rua dos Mercadores, concentrando o comércio. Atualmente estas duas vias são
as Ruas Conde D’Eu e Sena Madureira.
Defronte a matriz havia um alinhamento de
casas, antigas moradas dos capitães-mores. Com sua demolição surgiu o Largo da Matriz, hoje Praça da Sé, onde se ergue a estátua de bronze de Dom Pedro II,
inaugurada em 1913. O traje envergado pela estátua, esculpida em Paris, pelo
francês Mailard, utilizou como modelo a farda de gala do Almirante Alexandrino
de Alencar, figura de relevo da Marinha Nacional, sobrinho-neto de Bárbara de
Alencar.
Por trás desse monumento Pedro Augusto Borges ergueu sua
residência, onde posteriormente seria instalada a Pensão Bitú. Nesta pensão se
hospedariam os membros da Comissão da American Carnegie Institution, que vieram
ao Ceará observar, na cidade de Sobral o eclipse solar de 29 de maio de 1919,
de importância para o estudo da Teoria da Relatividade de Einstein.
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