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salina+do+coc%C3%B3 Da Salina Diogo ao Parque do Cocó
Salina Diogo (foto Arquivo Nirez)

Nos anos 1960 aquela região onde hoje se encontra o Parque
do Cocó, era uma área de muitos sítios, entre eles o Sítio Diogo, que ia desde
os trilhos até a foz do Rio Cocó. A ocupação era rarefeita, baixíssima
densidade demográfica.
  No sitio, funcionava a Salina Diogo. Não
existia nada além da exploração do sal. 
 

salina+diogo+foto+de+elian+machado Da Salina Diogo ao Parque do Cocó
Salina Diogo (foto de Elian Machado)

A produção era artesanal, as condições de trabalho bastante
desfavoráveis. Os salineiros exerciam
seu ofício debaixo do sol forte, expostos ao vento e a água salgada, sofriam
queimaduras, insolação, cegueira,
  envelhecimento
precoce ou morte prematura. 
 

A partir dos anos 70 é que começa o ocupação da área, Fortaleza ultrapassa o trilho, com a construção
do Hospital Geral. A abertura da avenida Santos Dumont liga o
Centro da cidade à praia. Mas é com a construção da UNIFOR – Universidade de Fortaleza,
no início da década de 70 e o Shopping Iguatemi, quase 10 anos depois,  que a ocupação cresce aceleradamente, tornando-se polo de
serviços, comércio e lazer.

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 Primeiros registros de urbanização da zona leste – 1981  (foto de Gentil Barreira do Livro Viva Fortaleza)

Enquanto a cidade chega à região, a Salina Diogo passa por momentos difíceisA Região Oeste litorânea do vizinho Estado do Rio Grande do Norte, que hoje  concentra  95% da
produção e distribuição de sal no país
, passa por um processo de industrialização da produção do sal, substituindo o salineiro por máquinas. 

As salinas urbanas de outras regiões,
não somente do Ceará, cederam lugar às condições históricas e ao crescimento da
produção industrial do sal no Rio Grande do Norte. Nelas o homem foi
substituído pelo trator, esteira, colheitadeira, navio. 

A produção da Salina Diogo entra em declínio e encerra as atividades em definitivo no ano de 1980. Toda a produção artesanal de sal do Ceará, inclusive do
interior,
foi abandonada em virtude desse processo de industrialização do sal que se
iniciava e expandia no Rio Grande do Norte, com maior produtividade a preços menores

vista+aerea+de+fortaleza+ja+com+o+iguatemi+apos+sua+inaugura%C3%A7%C3%A3o Da Salina Diogo ao Parque do Cocó
 A área já com o Iguatemi, construído em 1982. Nota-se que a vegetação está em pleno processo de regeneração. A foto deve ser da segunda metade dos anos 80 (arquivo Nirez)



Com o fim da salina, o mangue começa a se regenerar, alimentado pelos esgotos que eram lançados diretamente no rio Cocó. Não existiam
estações de tratamento na região, o que favoreceu a fertilização do
mangue e a recuperação daquele ecossistema costeiro, que recebe, também,
muita influência da maré
. 

O shopping foi construído em 1982, após parte dos terrenos que compunham o Sítio Diogo, terem sido vendidos pela familia Diogo ao Grupo Jereissati. Apesar da regeneração da área, da presença do rio Cocó e seus ecossistemas associados, o Parque do Cocó só foi criado em 5 de setembro de 1989. 

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 área assinalada dentro do Parque do Cocó: ruínas da Salina Diogo (foto do acervo do blog) 
  
Atualmente na área que abrigava a antiga salina, encontra-se o Parque do Cocó, cujos limites nunca foram demarcados, o que enseja a ocupação da área por empreendimentos privados e condomínios de luxo. Apesar dos decretos de desapropriação dos terrenos terem sido emitidos ainda em 1989, a área continua sendo objeto de disputa e de controvérsias: em 2007, a prefeitura autorizou a construção do Iguatemi Empresarial, uma torre de 15 andares ao lado do Shopping, localizada próximo às margens do rio Cocó.   

DSCN3105 Da Salina Diogo ao Parque do Cocó
DSCN3141 Da Salina Diogo ao Parque do Cocó
… e a luta continua …

Fontes:


Jornal
Diário do Nordeste
SEMACE
Wikipédia
O Nordeste 


 

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0 comentário

  1. Ola! Seus comentários sobre a região do Cocó são boas. Mas infelizmente há grave erro quanto ao Manguezal.
    o mangue é uma vegetação que precisa de sedimento do mar… SAL principalmente. Esgoto e água doce é altamente prejudicial ao mesmo… te pergunto: você já viu algum bananeira nas margens de uma foz de um rio.
    O rio Cocó hoje é um rio morto… o desenvolvimento do plator da cidade o transformou num esgoto a céu aberto. Hoje o que temos é pantano e enfim
    Mangue o útero do mar… precisa de água salgada.

  2. A Prefeitura não autorizou a construção do Iguatemi Empresarial! Na verdade ela tentou, por diversas vezes, embargar a obra. Nessa briga venceu o poder ecônomico.

  3. Sou de Santa Quitéria CE, criado na rua Bárbara de Alencar, próximo ao antigo Roncy na Av Antonio Sales e nas férias era o passatempo favorito, pescar no mangue, ainda existia as salinas, praia do futuro, era só o futuro, sempre ia, mas era uma aventura, barracas nem existia, quando menino peguei muito caranguejo é peixe no Cocó, hoje é só poluição.

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