Cultural de Fortaleza aprovou, por unanimidade, o tombamento do conjunto
arquitetônico que integra o Colégio da Imaculada Conceição, a Igreja do Pequeno
Grande, a Escola Jesus Maria José e o
Colégio Estadual Justiniano de Serpa, localizados no entorno da Praça Figueira
de Melo, no centro da cidade. Esse foi o primeiro tombamento do tipo em
Fortaleza. De acordo com a instrução de tombamento, o entorno
do conjunto conserva inúmeros imóveis do fim do século XIX e início do século
XX que mantêm muitas características originais. Além disso, possui elevado
interesse histórico e valor arquitetônico.
A própria Praça Figueira de Melo é tão antiga quanto
os imóveis tombados. Sua construção data de meados do século XIX. Inicialmente
recebeu o nome de Praça dos Educandos, em razão da existência de um colégio com
essa denominação, dirigido pelo padre Antônio Nogueira Braveza. Mais tarde
passa ser chamada de Praça do Colégio, quando em 1867 foi fundado o Colégio da
Imaculada Conceição, que ocupou o mesmo imóvel da antiga Casa dos Educandos. Depois, em 1879, por proposta do vereador
João Moreira, recebeu o nome de Senador
Figueira de Melo, depois simplificado para Praça Figueira de Melo, em
1932.
A Praça Figueira de Melo está localizada entre a Avenida Santos Dumont, e
as ruas Coronel Ferraz, Franklin Távora e 25 de Março. No centro encontra-se o
busto em bronze do ex-presidente do Ceará (1920-1923), e patrono da antiga
Escola Normal, Justiniano de Serpa.
O homenageado Jerônimo Martiniano Figueira de Melo
nasceu em Sobral em 1809. Formado em Direito em 1832, ocupou os seguintes
cargos: Juiz de Direito, Secretário do Governo de Pernambuco, Presidente do
Maranhão, Juiz dos Feitos da Fazenda, Chefe de Polícia de Pernambuco, Chefe de
Polícia do Rio de Janeiro, Desembargador do Tribunal do Rio de Janeiro,
Presidente do Rio Grande do Sul e Ministro do Supremo Tribunal. Foi Deputado Provincial de Pernambuco, Deputado Geral por Pernambuco e pelo Ceará e Senador do Império pelo Ceará. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de
agosto de 1878.
O Conjunto Arquitetônico
O Colégio da Imaculada Conceição instalou-se em 1867
no prédio onde atualmente se encontra – a antiga Casa dos Educandos – que havia
sido construída para servir de asilo a meninos pobres, mas que fora fechada por
falta de recursos para sua manutenção. Uma
ajuda financeira oferecida pelo então Presidente da Província, possibilitou que
as irmãs adquirissem o prédio. Ocupa
toda a quadra situada entre as ruas Coronel Ferraz, Costa Barros, 25 de março,
e a Avenida Santos Dumont, integrando na
confluência das Avenida Santos Dumont, com a rua Coronel Ferraz, a Igreja do
Pequeno Grande.
A pedra fundamental foi lançada em 1896, pelo Padre Chevalier,
como capelão do Colégio. As obras sofreram paralisação um ano depois, sendo
reiniciadas em 1898, até sua conclusão em 1903. Com doações das próprias irmãs
e de diversas instituições foram obtidos os recursos para as obras. A estrutura
metálica foi trazida da Bélgica, e a montagem esteve a cargo do mestre de obras
Deodato Leite da Silva. A planta da igreja consta de nave única, com pórticos
de perfiles metálicos em forma de H que formam sua estrutura de coberta; o
telhado com inclinação acentuada, forma um ângulo bastante fechado dando um
teto pontiagudo, pouco comum em nossa arquitetura.
Em estilo neogótico, a Igreja do Pequeno Grande foi
construída para substituir a pequena e
antiga capela do Colégio da Imaculada, ainda hoje de pé.Tanto o Colégio da Imaculada Conceição quanto a igreja do Pequeno Grande têm as fachadas
principais voltadas para a Praça Figueira de Melo, e sua arborização, com muros
e gradis criam pequenos espaços privados de recuo em relação à calçada para
permitir um acesso mais resguardado aos edifícios.
A construção do prédio foi iniciada em 14 de
setembro de 1902, sendo inaugurado em 22 de janeiro de 1905, numa iniciativa do
bispo de Fortaleza Dom Joaquim José Vieira, para abrigar a Escola Jesus Maria
José, para meninos pobres. A
administração ficou a cargo das irmãs Vicentinas do Colégio da imaculada
Conceição, auxiliadas por órfãs. Tinha capacidade para 350 alunos, e
inicialmente foram matriculados entre 250 e 300 alunos, em 1906. A construção foi administrada pelo Monsenhor
Vicente Pinto Teixeira. O prédio da antiga Escola, exemplo da arquitetura eclética tão em voga
em fins do século XIX e início do século XX, encontra-se em péssimo estado de
conservação.
O imóvel de propriedade da Arquidiocese de
Fortaleza, está localizado entre as ruas Coronel Ferraz e Visconde de Saboia e
o início da Avenida Santos Dumont. Voltada para a lateral da Igreja do Pequeno
Grande, o destaque das alas laterais do edifício, permitem à fachada principal
um recuo em relação à calçada. Atualmente, o edifício está devoluto e a área de
recuo é ocupada como estacionamento, no entanto este espaço foi, no passado,
murado, permitindo um acesso resguardado à semelhança do que acontece com o
Colégio da Imaculada Conceição.
antiga Escola Normal Pedro II
Começou a ser erguido em 11 de agosto de 1922, projeto
do Engenheiro José Gonçalves da Justa,
na gestão do Presidente Justiniano de Serpa, mas inaugurada em parte, pelo seu
sucessor (faleceu o Dr. Serpa em 1 de
agosto de 1923), Ildefonso Albano. A
conclusão do edifício verificou-se no governo do interventor Roberto Carneiro
de Mendonça (1931-1934). Mais tarde, teve o nome de Instituto de Educação Justiniano
de Serpa.
O imóvel possui localização privilegiada, no centro
da Praça Figueira de Melo, entre a Avenida Santos Dumont, e as ruas 25 de Março,
e Coronel Ferraz. Envolvida por arborização, a escola desfruta de um ambiente
tranquilo, que ameniza os ruídos e outros inconvenientes da inserção urbana.
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Estudei no colégio Jesus, Maria e José nos anos 1998 e 1999, quando se chamava Escola Nossa Senhora de Aparecida (ENSA), ná época estudavam apenas meninas. Fiquei muito feliz ao saber que esse conjunto arquitetônico foi tombado! Espero um dia poder sentir a emoção entrar na escola novamente!
Estudei também nesse Colégio Justiniano de Serpa, fiz o segundo e o terceiro ano cientifico. Depois retorno como estudante de Graduação em enfermagem( UNIFOR) e ensinei Biologia.O Diretor nessa Época era o Professor Sobreira. Escola linda.Boas Lembranças. Fiquei feliz por esse Tombamento. Devemos salvar a nossa HISTÓRIA…
Que maravilhoso saber que estamos preservando nosso patrimônio e principalmente nossa história. Conheço na área tombada os edifícios citados. É muito importante, pois outras gerações terão oportunidade de ver e saber como era Fortaleza nos tempos idos.