Capital do século XIX, Paris foi molde para as cidades que
se formavam. Feita por linhas tortas à
época, seguindo o curso dos rios, a
então Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção remodela-se à imagem e
semelhança de Paris. A cidade não se instalou por acaso, seguiu um traçado
urbano, a reforma urbana que aconteceu em Paris serviu de modelo para
Fortaleza. Mas a cidade demorou a crescer. O Ceará é de colonização tardia devido
a fatores diversos como o difícil acesso, o mar de vagas traiçoeiras, o terreno
arenoso das dunas, rios que desaparecem no meio do curso, e o clima semi-árido, quente com areias escaldantes.
janela. A Fortaleza de 1861 era um arremedo de cidade. Situava-se entre as ruas
da Praia atual Avenida Pessoa Anta e da Misericórdia atual Dr. João Moreira (Norte), de Baixo, atual Rua Conde D’Eu, (Oeste), Dom Pedro, atual Pedro I (sul) e Amélia
(Oeste). Fora deste circuito, excetuados o Palácio do Bispo, (atual Paço Municipal) o Colégio das
Irmãs (da Imaculada Conceição), e o Seminário da Prainha, tudo eram areias, casas de palha, uma ou outra casa de
tijolo com sofrível aparência.
Considerava-se uma loucura edificar para além
destes limites, tão longe se ficava da cidade.
praticamente as mesmas características da cidade colonial de 20 nos antes. Para
além das cinco ruas limítrofes, apenas sítios que demorariam a serem os bairros
– Outeiro, Otávio Bonfim, Jacarecanga, Tauape, Alagadiço, Calçamento de Messejana
– naqueles tempos tomados de cajueiros esgalhados, de coqueiros esbeltos e copadas
mangueiras.
Fortaleza, então uma das cidades mais inexpressivas na história urbana
do Brasil, consegue se inserir no cenário comercial. A exportação do produto
torna a vila a sétima capital brasileira em fins do século XIX. Esse período
foi o máximo do aformoseamento e de um processo civilizatório que modifica
costumes e construções. Na medida em que Fortaleza tem acumulação do capital,
vai ter o glamour correspondente: surgimento dos clubes, de uma elite, de tudo
que está ligado a um padrão francês de qualidade – que é a manifestação do modus
vivendi da burguesia copiando o padrão da nobreza europeia.
presença britânica. O capital e as técnicas eram ingleses. Comerciantes franceses
e ingleses, colonizadores portugueses e religiosos alemães, holandeses e
italianos dão um toque a um lugar feito
à base de farinha, carne-de-sol, peixe
moqueado, manteiga de garrafa. Apesar de ser forte essa cultura de sertão, o
estrangeiro influencia a classe média alta da cidade, que sempre copiou os
maneirismos dos visitantes.
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