permitiam adquirir os cada vez mais caros imóveis na Aldeota, foram ocupando
áreas ao redor desta, com menor infraestrutura. Daí surgiram ou foram ampliados
bairros como Joaquim Távora, Fátima, Varjota, Papicu, Praia do Futuro. Não
raras vezes essa ocupação se fez via especulação imobiliária, expulsando
populações de favelados, migrantes e pescadores que residiam na região – embora
muitas dessas populações continuassem a residir na zona leste, como autênticos
guetos de pobreza, fornecendo mão-de-obra barata para as elites: lavadeiras,
empregadas domésticas, vigias, biscateiros.
residências ou edifícios construídos conforme seu padrão financeiro, em áreas
ao redor do Centro ou nas proximidades das principais vias da cidade e de
alguma proximidade com áreas mais caras. Surgiram então bairros como Parquelândia,
Montese, Monte Castelo, Maraponga, São Gerardo. Tais regiões tornaram-se na prática,
centros secundários, pelos serviços e estruturas ofertadas ao longo dos anos –
comércio variado, autopeças, supermercados, agências bancárias – portanto,
Fortaleza passou a ter outros centros que não apenas o tradicional centro
histórico. Outra referência no crescimento da cidade era a Avenida João Pessoa,
que ligava o Benfica à Parangaba. Em virtude do intenso tráfego e dos acidentes
ali registrados, ela chegou a ser conhecida como “Avenida da Morte”. Em 1957 a
velocidade máxima permitida na via era de 40 quilômetros por hora.
Em 1950, a
Avenida 13 de maio encontrava-se aberta, ligando o Benfica ao Bairro de Fátima.
À proporção que os poderes públicos criavam uma infraestrutura mínima numa
região da cidade, poderia ocorrer também a ação de setores imobiliários
especulativos, elevando os preços dos terrenos nas áreas beneficiadas ou
coagindo os setores mais pobres a deixarem o local, originando sérios conflitos
pela posse da terra – exemplo disso foram as truculentas tentativas de expulsão
dos moradores da Praia do Futuro, do Papicu e da Avenida José Bastos.
Na luta
pelo direito de moradia digna, ressurgiriam no final dos anos 70, início dos
80, vários movimentos e organizações de bairros e favelas, normalmente ligados
a grupos de esquerda e que se engajariam também na crítica à Ditadura Militar.
estrondoso déficit habitacional e da enorme pressão popular, foram construídos
conjuntos habitacionais para as camadas de médias baixas e populares – caso do
Conjunto José Walter, de 1970, e Conjunto Ceará, de 1977 – mediante financiamentos
do antigo BNH – Banco Nacional de Habitação. Estes conjuntos habitacionais situavam-se em
terrenos baratos e distantes do Centro e das áreas nobres, na direção do
Distrito Industrial de Maracanaú.
de parte da população da cidade e freou o acesso à metrópole. Na proximidade
daqueles conjuntos, não por coincidência, migrantes constituíram, igualmente
bairros pobres e favelas, a exemplo do Bom Jardim (vizinho ao Conjunto Ceará) e
Planalto Ayrton Senna (vizinho ao Conjunto Zé Walter).
Nos anos 1980, a
construção de conjuntos habitacionais ultrapassou os limites do município de
Fortaleza, sendo implantados em outras áreas da região Metropolitana, a exemplo
do Nova Metrópole, em Caucaia, Timbó e Jereissati, em Maracanaú. A expansão
urbana de Fortaleza, ia além de seu próprio território.
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