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Imagem+(401) A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza

Imagem+(402) A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
Armazenamento de víveres na Estação central da Estrada de Ferro Baturité, na Rua General Sampaio, final do século XIX (arquivo Nirez)

Foi de grande relevância a segunda metade do século XIX em
nossa cidade, frutos das ideias liberais da frustrada Confederação do Equador,
em 1824, manifestadas no Diário do Ceará; da fundação, em 1845, do Liceu do
Ceará, em cujo corpo docente se agrupavam as figuras mais representativas das
atividades culturais da então província, tendo como figura de proa o
respeitável Thomaz Pompeu de Sousa Brasil, futuro senador do Império.



Imagem+(48) A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
Estátua do General Tibúrcio no então Largo do Palácio – foto de 1908 (álbum de vistas do Ceará) 
Da publicação, a partir de 1846, do Jornal
Cearense, órgão do Partido Liberal, que abrigava em suas colunas não apenas
matéria política, mas literária e científica;  da vinda ao Ceará, em 1860, da expedição
científica , integrada por altas figuras da cultura nacional – eclodiram, a
partir dessa época, vários movimentos intelectuais, que deixaram marcas na vida
da cidade.
Alcançado o sucesso de 25 de março de 1884, quando todo
território cearense se livrou do trabalho escravo, a criatividade do nosso povo
se manifestou através do Clube Literário e de seu porta-voz  A Quinzena, com Farias Brito, Oliveira Paiva,
Juvenal Galeno, dentre outros,  e do mais
interessante grupo literário organizado em nossa cidade, a Padaria Espiritual,
em 1892. Do desentendimento quanto aos processos da Padaria, surgiu a
dissidência  do Centro Literário, com sua
revista Iracema, onde escreveram Ulisses Sarmento, R de Carvalho, Álvaro
Martins, etc. 



Imagem+(411) A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
Palacete na Rua Barão do Rio Branco, que abrigou a Secretaria de segurança, a Prefeitura Municipal e o Ginásio Municipal. Hoje é a sede do Instituto do Ceará – foto de 1934 (Ah, Fortaleza!)

Os mais velhos agruparam-se em 1887, em torno da mais antiga
instituição cultural do nosso Estado, o Instituto do Ceará (Histórico,
Geográfico e Antropológico), de cuja fundação participaram figuras exponenciais
como o futuro Barão de Studart, o Des. Paulino Nogueira e outros, assim como,
em 1994, em torno da Academia Cearense a mais antiga do Brasil, por cuja
fundação muito trabalharam Pompeu (filho) e Studart.



Imagem+(473) A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
Reunião da Academia Cearense de Letras, no salão principal do Clube Iracema, no Palacete Ceará – foto de 1922 (Ah, Fortaleza!)
Foi em meio a esse ambiente de ebulição intelectual criadora
que, em 1882, se deu a inauguração do Cabo Submarino, e no ano, seguinte, o
início do funcionamento do Serviço Telefônico, com aparelhos de manivela. Em
1884, instalou-se a Escola Normal, num imóvel especialmente construído para
esse fim, na Praça do Patrocínio (atual José de Alencar).   Entre
esse prédio, construído com pretensões de integrar uma cidade em crescimento, e
o Quartel do Batalhão de Segurança, depois demolido para ser levantado na
década de 1930 o Centro de Saúde, também demolido, não havia ainda o teatro
José de Alencar, inaugurado no século XX.
Ainda naquela época o Clube Iracema, abriu os seus salões em
1884, passando depois para sua nova sede, prédio que depois abrigou a então
Faculdade de Farmácia e Odontologia e mais tarde o Curso de Jornalismo. 

faculdade+farmacia+e+odontologia+1930+texto A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
prédio onde funcionou a Faculdade de Farmácia e Odontologia na Rua Formosa.  Antes, abrigou o Reform Club e o Clube Iracema, depois foi sede da Escola de Jornalismo. Ficou um tempo desocupado, depois foi demolido para a construção de outro edifício. (arquivo Nirez) 

Em 1886 foi dado início à construção de outro porto para Fortaleza, de que
resultou, na Praia do Peixe, a chamada Ponte Metálica. Em 1888 foi exposta à
reverência  do povo a primeira estátua do
Ceará, em homenagem ao General Tibúrcio, no Largo do Palácio, hoje rebatizada
com o nome do herói da Guerra do Paraguai.

Na década de 1890, Antônio Bezerra descreve a cidade de
então, onde registra que Fortaleza dispunha de três boulevards, designação que
bem demonstra a então vigente influência francesa, aludindo às atuais Avenidas
do Imperador, Duque de Caxias e Dom Manuel.
A capital cearense possuía ainda, 34 ruas de norte a sul, 27
de leste a oeste, 14 praças, 1607 combustores a gás na iluminação pública. Do
ponto de vista religioso, Fortaleza contava com duas freguesias:  a da Sé e a do Patrocínio, com a Rua Formosa
servindo de limite para as duas paróquias. 



Imagem+(412) A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
Jardins do palácio da Luz, sede do Governo do Estado em foto da década de 1940 (Ah, Fortaleza!)

Os principais edifícios eram o
Palácio do Governo, a Assembleia Legislativa,  a sede do Liceu do Ceará,  a Intendência Municipal, a Estação Central da
Estrada de Ferro, a antiga Secretaria da Fazenda, a Santa Casa, a Cadeia, o
Palácio do Bispo, o Colégio da Imaculada Conceição, o Seminário, a Tesouraria
da Fazenda, o Asilo de Mendicidade, a Sé e as igrejas do Patrocínio, do Coração
de jesus, da Conceição da Prainha, do Rosário, de São Benedito, os Correios,  o Reform Club (lindo palacete situado na Rua
Formosa, entre os n°s 166 e 187, mandado edificar por doze rapazes empregados
no comércio para servir de recreio e lugar de estudo, depois ali se instalou o
Clube Iracema), o teatrinho então existente na esquina sudoeste das atuais Ruas
João Moreira e Barão do Rio Branco, o Quartel do 11° Batalhão de Engenharia
(atual 10ª Região Militar), o Mercado Público, o Cemitério São João Batista, o
Posto Policial da esquina sudeste das Ruas Guilherme Rocha e Floriano Peixoto,
onde depois se levantou o prédio que atualmente abriga uma agência da Caixa
econômica Federal.



Imagem+372 A Eclosão de Movimentos Intelectuais e o Sopro do Progresso em Fortaleza
Estação Central da Estrada de Ferro Baturité, na Praça Castro Carreira em 1918. (Ah, Fortaleza)


E finalmente registra a existência de 23 médicos, 17
advogados, 9 professores de piano, 6 tipografias, 1 litografia, 2 bancos, 2
hotéis, 3 restaurantes, 8 cafés, 6 hospedarias, 14 quiosques, 2 casas de
joias,  3 bilhares, 4 livrarias, 2 casas
de pasto, 14 açougues, 14 padarias  e 9
farmácias na cidade.  O autor descrevendo
a cidade, ressalta o grande número de prédios de madeira, inclusive quatro
cafés que existiam nos cantos da Praça do Ferreira, não nos terrenos arruados,
mas no próprio logradouro.

Fontes
História de Fortaleza e Crônicas sobre a cidade amada, de
Mozart Soriano Aderaldo
Descrição da Cidade de Fortaleza, de Antônio Bezerra de
Menezes – introdução e notas de Raimundo Girão 


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