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O dia 28 de janeiro de 1865 amanheceu com um movimento anormal, fora da rotina, nas imediações da praia de desembarque. É que chegara um navio vindo do sul do país e, todas as vezes que tal acontecia, havia aquela expectativa em torno das novidades que ele poderia trazer. Mais tarde, a agência dos correios se encheu de gente em busca de correspondências e de jornais do Rio de Janeiro.
Em meio aquela multidão, a um canto do salão estreito, um rapaz de olhar vivo, de cerca de 20 anos, aguardava sua vez. O carteiro começou a distribuição, chamando pelos nomes, enquanto um popular lia, com crescente interesse, um exemplar do Jornal do Comércio, que recebera havia poucos minutos.
Em dado instante o homem interrompeu a leitura e berrou a plenos pulmões:
o Paraguai declarou guerra ao Brasil!
O silêncio caiu sobre o recinto. A multidão surpresa, ouviu a novidade que abalou a todos.
O homem continuou a leitura. O governo fazia um apelo a todos os brasileiros no sentido de se apresentarem para defender a pátria.
O rapaz de 20 anos que ali comparecera para receber cartas vindas para seu pai, mudou de fisionomia, e sem esperar por mais nada, saiu em desabalada carreira.
Tomou a direção da Praça General Tibúrcio, encaminhando-se para o Palácio do Governo. Anunciou na portaria que queria falar imediatamente com o Presidente do Estado, Dr. Lafaiete Rodrigues Pereira (04/04/1864 a 10/06/1865), era assunto de muita urgência. nazare+057 Um Herói Cearense na Guerra do ParaguaiPraça General Tibúrcio (foto: Mauricio Cals)

nazare Um Herói Cearense na Guerra do Paraguai

Palácio da Luz atual sede da Academia Cearense de Letras (foto: Mauricio Cals)
Logo depois, o jovem foi recebido no gabinete do presidente, onde sem maiores rodeios explicou o motivo de sua presença ali: desejava alistar-se para defender a pátria. Queria ir lutar pelo Brasil contra o Paraguai. O presidente ficou impressionado com a determinação do jovem, interpelando-o curioso:
qual o seu nome e de quem é filho este intrépido cearense?Chamo-me Israel Bezerra de Menezes e sou filho do Dr. Manoel Soares da Silva Bezerra, respondeu com voz firme. E os dois, o governador e o voluntário, passaram horas a conversar, trocando idéias, como velhos amigos.
Algumas horas mais tarde o jovem Israel Bezerra de Menezes deixava o palácio com várias missões. Foi para a rua e organizou uma passeata patriótica, enchendo a cidade com uma vibração nova, nunca vista antes. A manifestação popular se prolongou a tarde inteira terminando às 20 horas ocasião em que foram alistados mais 53 voluntários que ficaram aquartelados na sede da Guarda Nacional.
No dia seis de abril, a bordo do navio Jaguarehi, partia para o Rio a primeira leva de 500 voluntários cearenses – entre esses o jovem Israel – sob o comando do Coronel José Nunes. No dia 22 de junho, depois de receberem treinamento militar num quartel do Rio, os cearenses embarcaram para os campos de luta, indo aportar perto da Vila de Concórdia, na província de Entre-Rios, na Argentina. Após vários meses de marcha forçada foram acampar em frente ao Forte de Itapuru.
Por ordem do general-chefe, o jovem Israel, que já era tenente, foi distinguido com a nomeação de instrutor dos Corpos 46 e 51, honra que não coube a nenhum voluntário e que consta das ordens do dia do Exército.
Na Batalha de Tuiuti foi condecorado com a Ordem de Cristo; Nos combates de 16 e 18 de julho recebeu a comenda Hábito da Rosa. Lutou em Itororó, em Avaí, em Lomas Valentinas, participou do Combate de Curupaiti e do Humaitá.
Por missões cumpridas no Paraguai teve como recompensa a Medalha de Mérito. Foi destacado para comandar os voluntários no ataque ao Forte de Peribibui. Após a batalha foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro e nomeado comandante do Posto do Rosário.
Após a guerra foi homenageado com a Cruz de Bronze, e com as Medalhas de Campanha pelas Repúblicas Argentina e Oriental. Quando da inauguração da estátua de Osório, recebeu sua última promoção ao elevado posto de tenente-coronel.
E assim Israel Bezerra de Menezes, o jovem voluntário cearense fez toda a campanha do Paraguai de 06 de abril de 1865 a 30 de abril de 1870, demonstrando sempre o valor e a coragem de uma raça.
fonte: MENEZES, Raimundo de. Coisas que o Tempo Levou. Crônicas Históricas da Fortaleza Antiga. Introdução de Sebastião Rogério Ponte. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2000.

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0 comentário

  1. Mais um: Israel Bezerra de Menezes,
    1º voluntário cearense na Guerra do Paraguai.

    Há pouco tempo contei para o bisneto dele, Eduardo Bezerra, que minha mãe(sobrinha de Israel)contava(como ela contava!!!!) que o 'tio Israel' teria tido um "ataque de catalepsia" e julagarm-no morto; houve o velório e, de REPENTE, o herói bate no cixão, na hora do sepultamento….segundo minha mãe êle ainda viveu muito anos…
    Entanto, o neto Eduardo desconhece este FATO inusitado: VERDADE ou MENTIRA?….a pesquisar rsrsr.

    Temos artistas, escritores, HERÓIS e, quiçá, palhaços nos Bezerra de Menezes…justiça se faça, é uma familiazinha "PAI-D'ÉGUA"…..

    Aqui, em Fortaleza, no Dionísio Torres há uma Rua Israel Bezerra…mereceu, né?

    Tô ficando famosa,à sombra dos ancestrais….vou criar um "blog"
    "De marré", que tal, amiga?

    Beijos!!!
    Lúcia

  2. Pois é amiga lucia…sua familia é de fato cheia de herois,escritores,atores, atrizes!mto legal!e ainda tem o grande medium bezerra de meneses né?E ainda tem ai a Cónsogra fatima que é genial ai nas pesquisas.srsrrsrs abraços pra vcs!

  3. amigas,
    e olha que eu nunca tinha ouvido falar desse ancestral da Lúcia, a escolha do post foi pura coincidência. Fazer o quê, se a amiga tem ascendentes destacados em tudo que é atividade?
    bjs

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