A praça pode ser definida como qualquer espaço público urbano,
livre de edificações que propicie convivência ou recreação para os seus
usuários. É por excelência o local de encontros e sociabilidades. Os espaços
livres existentes nas cidades e marcados pelas aglomerações humanas estavam geralmente
relacionados à existência de mercados populares (comércio) ou ao entorno de
igrejas. Foi somente no século XIX, que o desenho de praças entrou em cena,
preconizado pelo trabalho de profissionais como Frederick Law Olmsted, que projetou
o Central Park de Nova Iorque.
de maneiras distintas, nunca deixou de exercer a sua mais importante função: a
de integração e sociabilidade. Mas ultimamente, as praças têm perdido essas funções de
aproximação e encontros entre pessoas por razões várias, a principal delas, sem
dúvida, a violência urbana.
integridade física, mas na destruição dos equipamentos, nas pichações, no
vandalismo de estátuas e monumentos, bancos e fontes (quando tem). Por conta de
tantos percalços, a população deixou de frequentar um espaço feito para ela e
por ela.
centenárias, históricas, tomadas por moradores de rua, que ali vivem, dormem,
fazem suas necessidades e ali mesmo descartam todo o lixo que produzem; ou
ocupadas por ambulantes, vendedores de toda sorte de quinquilharias, que se
apoderaram do espaço e também produzem sujeiras e depredações. A Praça do
Ferreira, tradicional reduto de aposentados, intelectuais, e um sem número de
frequentadores habituais, perdeu muito desse público, hoje é considerado local
de risco principalmente à noite.
moradores, para caminhadas e conversas rápidas, porque a mesma violência que
ameaça o centro, também se faz presente nos bairros. Mas há uns três ou quatro anos, moradores do bairro Luciano
Cavalcante, resolveram mudar essa história.
sabiam vizinhos, mal se conheciam, e se viam durante a caminhada diária que
faziam ao redor da Praça José Valdez Botelho. Um dia combinaram fazer
um café da manhã, para se conhecerem melhor e trocar umas ideias. O local do evento seria
a própria praça.
bolos, sucos, tapioca, frutas, etc). No início eram cerca de 15 pessoas. Com o
passar do tempo, a adesão foi aumentando, e os eventos foram sendo ampliados
para praticamente todas as datas comemorativas: São João, Natal, Páscoa,
aniversariantes do mês, etc.
fazer a decoração alusiva à data, como São João. Além dos comes e bebes, os
participantes levam ainda mesas, toalhas e cadeiras, e ao final, todos ajudam a
recolher o lixo. Devido a interação agora todos se conhecem e se ajudam nas
necessidades individuais.
Eis um bom exemplo de apropriação do espaço público, uma
espécie de “volta ao começo”. Como é um espaço relativamente novo, a Praça José
Valdez Botelho não tem muitos equipamentos, e ainda ostenta uma vegetação
nativa com árvores de grande porte. Mas vem cumprindo com brilhantismo a antiga e sempre atual função para a qual a praça foi inventada: um local de encontros e sociabilidades.
Verônica Crestani Viero & Luiz Carlos Barbosa Filho
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Perfeito seria se iniciativas como essa fossem uma realidade em toda a nossa cidade. Bom para o espaço público que acaba sendo cuidado, melhor ainda para a comunidade que exerce a cidadania, ao mesmo tempo que colhe os frutos de um convívio salutar com amigos e vizinhança.
Este comentário foi removido pelo autor.
Muito verdadeira a postagem, Fátima. Ao longo deste 2016, partilhamos celebramos bons momentos nesta praça. Cultivamos amizades, cuidamos da saúde e tentamos reconquistar nosso direito de ir e vir, tão em baixa neste Brasil de hoje. Obrigado pelo carinho.