Alencar, entrava-se no bairro do Outeiro da Prainha, acompanhando o chamado
Quintal do Bispo, uma grande área primitivamente pertencente à chácara do
português Antônio Francisco da Silva, parente da família Albano. Posteriormente ali habitou o comendador
Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, em cuja residência se instalou o Palácio do
Bispo. Esta área estava compreendida entre as ruas Rufino de Alencar e a Costa
Barros – a antiga Rua do Sol – e estendia-se para o nascente até as
proximidades da Praça do Cristo Redentor, onde se localizava a Igreja de Nossa
Senhora da Conceição da Prainha e seu velho Seminário.
Em 1937, a Empresa de Terrenos Ltda., adquiriu do
Patrimônio de São José, do Arcebispado de Fortaleza, a permissão para lotear
essa grande área do antigo bairro do Outeiro da Prainha. Desse loteamento
surgiram as ruas Afonso Viseu, Pedro Ângelo, Pereira Filgueiras e João Lopes.
As duas primeiras foram nomeadas por indicação de Luiz Vieira – um dos sócios
dessa empresa, que homenageava assim pessoas de sua amizade e admiração.
Na
parte mais alta do Outeiro, Luiz Vieira reservou um aprazível sitio com o
objetivo de construir uma vila residencial para sua família. Ergueu seu casarão
no canto formado pelas ruas Pedro Ângelo e Rufino de Alencar e, a seguir,
edificou ao seu lado, as residências dos seus filhos Jaime e Mário Câmara
Vieira, compondo a Vila Vieira. Contíguo a esta, na Rua Pedro Ângelo, residiu o
comerciante e hoteleiro Pedro Lazar e depois, na mesma residência, Edmundo
Rodrigues dos Santos, sócio da empresa Casa Quirino Rodrigues S/A. A residência
de Luiz Vieira, no Outeiro da Prainha, foi inaugurada com festejos que se
prolongaram por mais de uma semana, de 8 a 19 de outubro de 1946, quando foram
realizados os casamentos de duas de suas filhas e a comemoração do aniversário
de sua esposa. Sua construção fora entregue ao engenheiro Alberto Sá, que pela
primeira vez utilizou em Fortaleza, o concreto armado na confecção dos seus forros.
No alto da barranca do Outeiro, compondo a ladeira que nascia no adro da Igreja
da Conceição da Prainha, residia a filha de Antônio de Oliveira Borges de
Castro, a Sinhá Pio das crônicas antigas, matriarca dos Pio Borges. A casa
culminava com um torreão, do qual se podia apreciar o mais belo panorama da
cidade. voltado para o mar, esse mirante servia a José Pio Moraes de Castro,
esposo de Sinhá Pio, para o controle do movimento portuário, função que lhe
cabia como agente da empresa Lloyd de Navegação. Os quintais da casa, com
pomares e roseirais, desciam, flanqueando o lado da sombra, até o término da
ladeira que se chamava Ladeira do Seminário ou Ladeira da Prainha, hoje
conhecida pelo nome de Rua Almirante Jaceguai. Nesta escarpa o bonde não
alcançava a igreja, impedido de prosseguir por conta de um lance de escadas que
antigamente ali existia. A casa dos Pio Borges foi adquirida por Mr. Francis
Hull, cônsul inglês no Ceará, que viveu muitos anos em Fortaleza. O inglês fez
um observatório da torre da residência, estudando o clima e prenunciando bons
invernos para o Ceará. Na outra esquina da ladeira, morava o Barão de São
Leonardo, Leonardo Ferreira Marques, agraciado com as comendas da Ordem da Rosa
de Cristo por sua atuação na Guerra do Paraguai ao lado do futuro Duque de
Caxias.
Ainda na atual Praça do Cristo Redentor, com sua
coluna inaugurada em 1922, que veio a se tornar um dos monumentos símbolos da
cidade, residia a poucos metros de Siá Pio, sua filha Maria Pio Borges de Castro,
casada com seu primo legítimo, Luiz Borges da Cunha, despachante das
mercadorias da Alfândega. Sua residência, que Mozart Soriano Aderaldo, apontou
como primeiro bangalô de Fortaleza, ocupava um vasto terreno que se estendia
até abaixo do outeiro, terminando ao nível da praia, na antiga Rua do Chafariz.
Mais tarde a residência de Maria Pia Borges seria propriedade dos ingleses
ligados à Empresa de Navegação The Boot Streamship Line, com sede em Liverpool.
a residência do imortal poeta José Albano e a Chácara de Vicente de Castro. Nesta,
um córrego atravessava seus extensos quintais que alcançavam a Rua do Chafariz –
atual Rua José Avelino. Proprietário da firma V. Castro e Filho, agente da
Companhia de Seguros Anglo-Sul-Americana.
sociedade
fotos: arquivo Nirez e IBGE
Compartilhe com alguém
Vivi na rua Pedro angelo 89 de 1956 a 1976 onde passei minha infãncia. Bons tempos .