guloseimas e totalmente incrustada no panorama geral, nas quais as cidades se
ataram de pés e mãos aos refrigerantes engarrafados e as refeições em fast-foods,
já foi uma cidade em que a merenda era um momento de glória das tardes
familiares.
caseira para o lanche, como a cidade pequena era um mercado permanente de vendedores de
tabuleiros que percorriam as ruas com pregões de sua mercadoria deliciosa,
sedução e cobiça da população infantil e adolescente.
rosquinhas, suspiros, filhoses, bulins de goma, cocadas de rapadura ou de açúcar
branco, alfenins com formas de bichos e cachimbos, castanhas de caju
confeitadas, embrulhadas em papel de seda franjado.
Falcão – que foi desmontado na década de 1930, havia uma ala só para os
tabuleiros. Famosos alguns pelas suas línguas de mulata, filhoses e seus doces
secos. Eram famosos os filhoses de
farinha de trigo vendidos na mercearia do Zé Ramos, na esquina de Santa Isabel
com Liberato Barroso.
Igualmente muito
procuradas, eram as cocadas da bodega de Eduardo Garcia, na Rua 24 de Maio
esquina com a São Bernardo (Pedro Pereira). Nos tabuleiros avulsos havia
puxa-puxas, cocadas de murici, balas de coco,
bolas douradas de mel em cartuchos de papel almaço, queijadinhas, bons
bocados, bolinhos de arroz, etc.
iam diminuindo de tamanho de acordo com o afunilamento do cartucho de papel
almaço. Tabuleiro pleno, sem tábuas nas extremidades, era cheio de furos onde
se espetavam os cartuchos, como se fosse um grande paliteiro, como havia também
para os roletes de cana, em feitio de flor, ligados por linha de costura.
Famílias ilustres completavam seu orçamento doméstico mandando
seus tabuleiros envidraçados paras as ruas.
Durante muito tempo os baleiros das portas de cinema somente vendiam balas de fabricação doméstica,
envolvidas em papel de cor. Havia até alguns tabuleiros fixos em determinados
pontos da cidade, um dos mais famosos era o de Maria Gorda, negra simpática que
fazia ponto na esquina da Rua Formosa (Barão do Rio Branco) com Trincheiras
(Rua Liberato Barroso), onde se localizava a Casa Amaral e onde depois esteve a
Casa Singer.
Outro tabuleiro fixo, muito procurado pelos notívagos, e
singular pela sua localização e horário, foi o de Dona Maria, conhecida como
Dona Maria do Tabuleiro, que morava com os filhos pros lados da Rua do Sol
(Costa Barros). Ela só chegava ao seu ponto noturno depois das 8 horas da noite
e lá ficava até meia-noite, às vezes até de madrugada. Seu tabuleiro era mais
dos bolos grandes, que ela vendia em fatias para os fregueses certos, que eram
muitos. O tabuleiro se localizava no
canto do mercado de miudezas, em diagonal com o Banco Frota Gentil. Era um
canto escuro e deserto que ela iluminava com uma lamparina grande e fumacenta
que dava sinal de sua chegada e do início do seu expediente. A pontualidade de
Dona Maria com seu tabuleiro naquele horário esquisito lhe deu popularidade. Surgiram
anedotas a respeito dela. A mais corrente era a de um freguês que certa noite
se chegou ao tabuleiro e disse:
no aro. A senhora vai me fiar um pedaço de bolo e ainda vai me emprestar dois
mil réis. Amanhã eu lhe pago, sem falta.
posso. Eu tenho um contrato com o coronel Zé Gentil, aí do banco. Nem ele vende
tabuleiro, nem eu empresto dinheiro…
Até a tradicional Mariola sumiu do mercado
O certo é que a Fortaleza de ontem, embora
cidade pobre de menos de cem mil habitantes, tinha sua classe média que passava
bem. As mercearias mais conceituadas eram bem sortidas. A lataria era abundante
e em grande parte de procedência estrangeira. Vinhos e azeitonas portugueses,
manteiga Lepelletier e Bretel Frères de origem francesa, chocolate Bering e
Moinho de ouro; abacaxi em compotas em ltas especiais de Pernambuco; queijos
Palmira; banha refinada marca Neve, do Rio Grande do Sul; leite condensado suíço,
marca Moça. As tabernas também vendiam
as deliciosas bananas secas, em pacotes, de Pacatuba, entre as quais a mais
procurada era a do fabricante Siqueira.
fotos do Arquivo Nirez
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Olá, boa tarde!
Me chamo Rita, sou aluna de gastronomia e amei o seu post, pois estou fazendo minha monografia e ela fala sobre o resgate da doçaria e confeitaria tradicional em fortaleza, já estava desistindo de procurar material específico sobre o assunto e então me deparei com o seu blog. Vou citá-lo no meu trabalho, com as devidas referencia claro e gostaria de saber sobre o livro que você usou como fonte, se existe algum exemplar em alguma biblioteca pública? Desde já agradeço e parabenizo pelo post vai me ajudar bastante. De uma eterna saudosista, Rita.
Olá Rita,
o livro em questão foi publicado pelo UFC e atualmente está esgotado. Talvez tenha 1 exemplar na biblioteca da própria universidade. o Exemplar que utilizei nesse post pertence a um amigo historiador e já devolvi pra ele.
Referencia bibliográfica:
Fortaleza de ontem e anteontem/ Edigar de Alencar. Fortaleza: edições UFC/PMF, 1980.
obrigada pelas referências elogiosas ao nosso trabalho.
abs