Desde a evolução do cinema como sétima arte até o
apagar das luzes da década de 1940, o maior exibidor cinematográfico do país
era o cearense Luiz Severiano Ribeiro, dono de uma poderosa cadeia de salas
exibidoras espalhadas por todo o país, principalmente no Rio de Janeiro, então
Capital Federal.
eram monopólio da Empresa Ribeiro, que contava com mais de duas dezenas de
cinemas em nossa capital; a Severiano Ribeiro reinava absoluta, sem
concorrência que a incomodasse.
cinemas de bairros conhecidos como “poeiras” foram sendo eliminados pelo poder
de expansão do grupo. A empresa de Clóvis Janja mantinha os cinemas Rex – que fechou e foi reaberto anos mais tarde pela Empresa Severiano Ribeiro – o Odeon, na Praça de Otávio Bonfim e o Santos
Dumont. O Cine Diogo que era considerado o mais luxuoso da cidade, também foi adquirido pelo grupo Severiano Ribeiro.
Antes, do Diogo, o Majestic fora a atração dos que buscavam diversão. Tornara-se
conhecido como cinema popular e por isso, proporcionava boa renda. Era bastante
quente, principalmente durante o dia, pois não dispunha de ventiladores.
dispunha de ventiladores, mas em pequeno
número. O Diogo na sua fase inicial dispunha de boa ventilação, mas
posteriormente, só se fazia sentir no trecho próximo a tela, local que passou a
ser disputado pelos espectadores.
como o Cine Familiar, no Otávio Bonfim, o Benfica, na Avenida Visconde de Cauipe e o
América, com fundo correspondente ao Colégio Juvenal de Carvalho, no Jardim
América.
se concentrara na inauguração do Cine São Luiz, cujo edifício fora iniciado
desde o final da década de 1930. A demora no andamento da obra repercutia nas
discussões da Câmara Municipal, de onde partiam requerimentos solicitando
aceleração das obras. A polêmica acerca da lentidão em se concluir o cinema
ampliava-se através dos jornais. O prédio inacabado era tido como “o aleijão
que enfeia a Praça do Ferreira”. A critica lembrava o contraste entre a exigência
de concessão de licenças para que as residências fossem pintadas, enquanto o
amontoado de material de construção permaneceu cercado, durante anos, no centro
da cidade.
motivo de preocupação frequente da Polícia, que chegou a organizar uma campanha
de vigilância: “já se pode assistir a uma fita sem ouvir as piadas de
mau-gosto, os gritos e assobios. Ontem, onze pessoas foram presas acusadas de
promover anarquia”. A ação repressora da polícia também recebia apoio da Câmara
Municipal, que se preocupava com a falta de decoro de ocorria nos cinemas da
cidade, “onde atuam pessoas mal-educadas e moleques”. O
vereador Manoel Lourenço solicitara ao secretário de Polícia para intensificar
o policiamento dos chamados cinemas elegantes, a fim de por termo a molecagem
que se observava principalmente aos domingos.
revelava os problemas enfrentados por eles, alguns bastante curiosos, que ultrapassavam
as costumeiras reclamações contra o calor ou condições inadequadas. Em 1951, um
dos impasses enfrentados prendia-se ao final das projeções. A pressa da plateia
inquieta, em retirar-se do cinema ao final da exibição: “ os mais apressados se
levantavam, levando outros espectadores a fazerem o mesmo. Por isso, muitos fãs
de Ingrid Bergman não puderam ver os momentos finais do filme “Sob o Signo de
Capricórnio”.
indústria foram abalados com a inauguração do Cine Jangada, que veio quebrar o
monopólio do grupo já consolidado. Idealizado pelo empresário Amadeu Barros Leal, o Cine Jangada
era na verdade a primeira de treze salas de exibição que deveriam ser implantadas em Fortaleza pela
Empresa Cinematográfica do Ceará (CINEMAR).
Cine Jangada não tinha decoração requintada nem os luxos dos concorrentes. A
única originalidade ficava por conta da sala de espera, que ficava localizada
nos fundos. Na verdade, nem era uma sala, era um terraço-jardim com bancos e
palmeiras. Ali também ficavam os sanitários.
logo à frente, quase na rua, e os espectadores, tão logo entravam no cinema, já
estavam dentro da sala de projeção, e de frente para o público. A tela,
portanto, servia de fundo para as bilheterias e para o painel de cartazes. Era
exigido aos homens, o uso de paletó e gravata, a exemplo do que já fazia o
sofisticado Cine Diogo.
Em 1957 o prédio do São Luiz ainda em construção era
visita obrigatória de muitas pessoas que frequentavam o Centro. Em fase de
acabamento, o prédio atraía curiosos que comentavam admirados sobre os detalhes
da construção: a sala de projeção com pintura em alto relevo, tapetes, lustres,
paredes e pias de mármore. O São Luiz foi finalmente inaugurado com grande
solenidade e a presença muitos convidados, no dia 26 de março de 1958.
Os Dourados Anos, de Marciano Lopes
fotos do arquivo Nirez
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