programa dos finais de semana. A Praia de Iracema, que era o cartão postal da
cidade, onde a beleza natural atraía os curiosos, foi destruída com o avanço do
mar, devido às obras da construção do Porto do Mucuripe. No entanto, outros
pontos da zona litorânea começavam a despontar na lista dos admiradores das
belezas naturais.
Na Barra do Ceará, a oeste de Fortaleza, o Rio Ceará, que
ali desemboca, fora escolhido como local de pouso dos hidraviões que atendiam
os viajantes privilegiados, capazes de assumir gastos com uma passagem
aérea. Embora se mantivesse uma
expectativa de que a Barra do Ceará fosse se tornar um local que viria a
oferecer opção de lazer para a população, a frequência ao local se restringia aos que
acompanhavam ou desejavam observar os pousos e decolagens dos hidroaviões.
excluída do roteiro de lazer da elite fortalezense. A pobreza foi ocupando os
terrenos à beira mar, estendendo-se até a miserabilidade extrema que se
concentrava no Pirambu.
Formosa, de Iracema e do Meireles que ficavam mais próximas do centro. A Praia
de Iracema passou a ser valorizada com a construção de residências, sendo
algumas de veraneio. Mas as obras do porto e o consequente avanço do mar
diminuiu a extensão da praia, prejudicando os adeptos dos banhos de mar.
de lazer que fora iniciada no pós-guerra, deixando aos saudosistas os lamentos
poéticos sobre o que perderam da antiga Praia de Iracema. Entretanto, foi através do porto, que na
década de 1940, começaram a chegar os automóveis: o Lincoln, o Packard,
considerados mais luxuosos e os carros menores como o Renault, além de outros
modelos, franceses e ingleses. Só em uma remessa foram desembarcados 60
automóveis além de alguns caminhões. A maioria destinava-se a uso particular e
foram substituindo os deselegantes jeeps.
Como medida de prevenção ao contínuo avanço do mar na Praia
de Iracema, foram colocados diques de
pedras, restando apenas uma exígua área para os banhistas. O espaço praiano
aberto só começava após aquela praia, a partir da Praia do Meireles nas
proximidades do antigo Clube dos Diários, prolongando-se até a Volta da jurema.
oeste, causando a drástica diminuição da faixa de praia na região da
Praia de Iracema e o progressivo abandono das atividades portuárias e
comerciais na área.
Praieiro, no Recife, boletim dos postos de salvamento e da Diretoria de
Documentação e Cultura da Prefeitura, distribuído
aos domingos, extravasava sua repulsa pelas praias de Fortaleza, classificando-as
como praias de cavalos, praias de jeeps e praias de ébrios. Lembrava que no
sentido oeste, a Praia do Pirambu se tornara imprópria para banhos porque o
serviço de esgoto despejava ali seus dejetos.
cavalos e dos jeeps devia-se ao costume dos que passeavam a cavalo e de carro pelas
praias, poluindo o ambiente e pondo em risco a segurança dos frequentadores. A praia dos ébrios eram as situadas nas
proximidades do porto onde a população pobre habitava e tinha nos botecos uma
oportunidade de esquecer a miséria em que viviam. Na década de 50 a frequência à
praia aumentou e foram instalados dois postos de salvamento na Praia do Meireles.
praias já eram consideradas sujas, com lixo acumulado. Reclamava-se da
“molecagem”, e da presença de “mulheres de má reputação” que invadiam trechos onde
estavam “as famílias”. O foco da atração chegava ao Iate Clube, onda a praia se tornara muito concorrida.
A praia de Iracema perdera seu brilho, com casas mal
conservadas e o espaço diminuído. A praia Formosa já estava sendo ocupada por casebres, e pelos prostíbulos. Desde 1945 que a polícia com o incentivo
do Jornal católico O Nordeste, passou a reprimir a falta de moralidade reinante
nas praias. A igreja associava-se ao rigor policial, que impunha a repressão
como um recurso sadio, influenciado pelo autoritarismo na relação Estado e
sociedade na década anterior.
indecentes” e “os vagabundos” que geralmente se exibiam nas ruas. A imoralidade a
ser combatida era, sobretudo, oriunda das classes baixas e precisava ser
repelida, pois acontecia em espaço público.
pela sociedade: se o namorado “avançava o
sinal”, tinha que casar. Se a família de classe média tinha poder para exigir o
casamento, tudo se acomodava. Se não, “a vítima” era discretamente exportada para
o Rio de Janeiro, onde as moças do Nordeste, virgens ou não, tinham excelente
aceitação no mercado matrimonial, principalmente entre outros nordestinos
nostálgicos dos conterrâneos. Nas classes alta e baixa, ricos e pobres
resolviam o problema sem maiores complicações.
adotado por pessoas católicas, e recomendava-se aos confessores que não
absolvessem os fiéis que confessassem o uso destas vestimentas. Até o traje de
calção nas ruas em geral, praticado pelos que se dirigiam às praias, passou a
ser combatido.
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abs