
(foto de E. César)
Numa manhã de domingo do mês de Março de 1922, na Rua Barão do Rio Branco n° 794, foi fundada nesta capital por um punhado de intelectuais freqüentadores da Praça do Ferreira, tendo a frente Euclides César, seu idealizador, a então popularíssima Academia Polimática, organização literária cujo lema era amai-vos e educai-nos uns aos outros.
Desde logo a inusitada agremiação ganhou fama popular e mais de mil sócios foram inscritos. Tornou-se um cenário democrático, espécie de sociedade do ano 2000, sem estatutos, sem regras e sem preconceitos.
Desde logo a inusitada agremiação ganhou fama popular e mais de mil sócios foram inscritos. Tornou-se um cenário democrático, espécie de sociedade do ano 2000, sem estatutos, sem regras e sem preconceitos.
Qualquer que fosse o tema, seria digno de discussão, não permitidos, entretanto, os apartes.
Que aguardasse o aparteante para falar depois, livre, sem interrupções.
Irreverente, a Polimática criou uma data consagrada ao culto à mulher e cogitou de substituir o dia da árvore pelo dia do jumento.
Não importava qual fosse o motivo a Polimática lançava um protesto, bastava vislumbrar algum atentado aos princípios da Justiça e da Fraternidade universais, dentro e fora das fronteiras nacionais.
Os sócios tratavam-se entre si por espirituais confrades e o presidente recebia o pomposo título de espiritualíssimo confrade As reuniões concorridíssimas eram realizadas aos domingos e feriados nacionais já na nova sede na mesma Rua Barão do Rio Branco. Ali foram recepcionados, entre outros, o jurisconsulto Tomás Pompeu, o escritor Papi Junior e Miguel Lobo. Realizou várias passeatas cívicas sob o calor ruidoso do Ceará-Moleque.
Foi uma solenidade sem igual, um sucesso admirável a procissão em homenagem póstuma a Rui Barbosa. Nessa ocasião, um exaltado grupo de polimáticos invadiu o prédio da Rotisserie e fez silenciar uma orquestra que tocava no local.
Os membros da confraria cultivavam à sua maneira, a mítica das nossas tradições patrióticas e literárias, daí aqueles protestos ardorosos em conseqüência de um inofensivo cartaz afixado na esquina na Maison Art-Nouveau, com os seguintes termos: “Última hora! Rui Barbosa acaba de ressuscitar, fumando um cigarro Acácia.”
Em represália a Polimática promoveu um comício gigantesco de protesto contra a carestia de vida. A repercussão foi tamanha que logo depois apareceram a venda os Cigarros Polimáticos
embalagem dos cigarros Polimáticos, homenagem a Academia Polimática (Arquivo NIREZ)
Eduardo Mota apelidado na Polimática de 420 da oratória, terminava seus discursos com uma frase que ficou célebre: A Academia Polimática é um fato! E ai de quem duvidar!.
Fato notável foi a sessão comemorativa da fraternidade universal, levada a efeito em 1° de janeiro de 1923, no Clube dos Diários, dirigida por Justiniano de Serpa, então presidente do Estado. Houve cinco oradores. Um falou sobre a data sob a ótica do Catolicismo. Outro, diante do Espiritismo; o terceiro, à luz do Protestantismo, o quarto, da Teosofia e o último, pela ótica do Positivismo. A Academia teve sua fase áurea em Fortaleza e depois passou. Mas sua atuação singular ficou na lembrança da cidade durante muitos anos.
Fato notável foi a sessão comemorativa da fraternidade universal, levada a efeito em 1° de janeiro de 1923, no Clube dos Diários, dirigida por Justiniano de Serpa, então presidente do Estado. Houve cinco oradores. Um falou sobre a data sob a ótica do Catolicismo. Outro, diante do Espiritismo; o terceiro, à luz do Protestantismo, o quarto, da Teosofia e o último, pela ótica do Positivismo. A Academia teve sua fase áurea em Fortaleza e depois passou. Mas sua atuação singular ficou na lembrança da cidade durante muitos anos.
Fonte:
MENEZES, Raimundo. Coisas que o Tempo Levou: crônicas históricas da Fortaleza antiga. Introdução, Sebastião Rogério Ponte. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2000.
MENEZES, Raimundo. Coisas que o Tempo Levou: crônicas históricas da Fortaleza antiga. Introdução, Sebastião Rogério Ponte. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2000.
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