exemplo do que já havia ocorrido em 1915, 1919 e 1932. A população sertaneja
sofria com a falta de água, alimentos e trabalho. Em setembro de 1958, a alma
sertaneja ganhou um novo alento, quando a construção de um grande açude começou
a ganhar formas. A obra na região centro-sul do Ceará, no município de Orós, era
uma antiga promessa do DNOCS – Departamento Nacional de Obras contra as Secas –
do que seria o maior reservatório do Nordeste, com 2 bilhões de metros cúbicos
de água armazenada.
Com o Orós surgiu a possibilidade de se represar as águas
do Rio Jaguaribe e de se aproveitar o famoso boqueirão da região que na parte
mais baixa tinha 75 metros de largura. A expectativa era captar toda a água do
alto Jaguaribe e seus afluentes. A promessa também incluía energia farta, “que
propiciaria extraordinário surto industrial”.
Desde 1911 que já se falava na existência do
Boqueirão de Orós, garganta por onde passam as águas do rio Jaguaribe,
local propício para receber uma enorme barragem de represamento e
aproveitamento consequente das águas armazenadas. Mas alguns problemas de engenharia antecederam a
obra: foi constatado que o projeto demandaria uma quantidade astronômica de
cimento – para que se obtivesse todo o cimento necessário para a conclusão da
obra, seria necessário que, uma composição ferroviária despejasse em Orós, 100
toneladas de cimento, todos os dias, durante três anos.
Após muitos estudos de viabilidade, um engenheiro de
Porto Alegre, chamado Casimiro Munarsky, sugeriu fazer-se o açude com parede de
terra e em forma de arco, um pouco antes do boqueirão. Com a nova engenharia, o
açude deixaria de comportar 4 bilhões de metros cúbicos de água, inicialmente
projetados, e passaria a comportar 2 bilhões. Obra realizada no governo de Juscelino Kubistchek, a
construção do açude inundou alguns vilarejos próximos, dos quais o mais
conhecido era Conceição do Buraco, hoje
Guassussê. A obra foi concluída em 1961.
Quando ainda estava em construção, em 1960, uma
rachadura na parede do açude provocou uma grande inundação deixando várias
cidades completamente alagados e sem comunicação. Na época, o Rio Jaguaribe,
que abastece o açude, passou por uma grande cheia fazendo com que o Orós
transbordasse e sofresse um arrombamento parcial. Nesse mesmo ano, o então
presidente sobrevoou as áreas atingidas pelas águas, conforme relatam
alguns pesquisadores. Por ordem dele, o trabalho de reconstrução foi iniciado
imediatamente e, assim, o açude foi inaugurado um ano depois com o nome de Juscelino Kubitschek.
situação em que se encontra a barragem do reservatório: que a mesma
encontrava-se em boa situação, podendo acumular três vezes o volume d’água já
retido; que chuvas em excesso caídas na região do Jaguaribe motivaram a maior enchente já
verificada; que o Rio Jaguaribe se elevara 6 metros em menos de 15 horas.
No dia
seguinte, os jornais começam a divulgar fotografias da barragem do Orós, prestes
a ruir diante da pressão das águas. O DNOCS chama a atenção das populações dos
arredores para que abandonem seus lares e busquem locais seguros, onde possam
ficar a salvos do dilúvio que estava por vir. O bispo de Limoeiro, em reunião
com as autoridades municipais trata das providências para evacuação da cidade;
o governador do Estado se reúne com secretários a fim de acertarem medidas do
plano de emergência para atender as populações do Baixo Jaguaribe.
Imagem cedida por Luís Antônio Saldanha, natural de Jaguaribe.
Os jornais
trazem relatos de Orós e de Jaguaribe, adiantando que o açude não resiste mais
nem por 24 horas. Correspondências da zona jaguaribana registram que as cidades
se acham praticamente evacuadas. É tentada a operação lona que consiste na
colocação de lonas sobre a superfície da barragem para evitar que as águas
lavem a parede do açude.
Sobre toda a região soltaram panfletos que
anunciavam a catástrofe, tida como certa. Os moradores que se retiraram de suas
casas se amontoavam nos lugares mais altos, como Poço Comprido, São João do Jaguaribe,
Ilha Grande, Quixeré e Tabuleiro Alto, em Russas.
No dia 26 de março, a barragem se rompeu
parcialmente. Precisamente às 10 horas um grande estrondo foi ouvido: as águas
ultrapassaram o nível da barragem e invadiram toda a extensão do Vale do
Jaguaribe, destruindo tudo que se encontrava pela frente, levando de roldão
povoações, cultivos e criações, deixando um rastro de morte, miséria e
desabrigo, causando prejuízos incalculáveis.
suportou, embora em fase de construção, uma pressão muitas vezes superior ao
seu nível de segurança. Todavia, parte da obra teve de ser sacrificada a
dinamite, para evitar uma tragédia maior, que seria sua destruição total a um
só tempo.
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Ola, tem algum artigo da reconstrução ?
Gostaria de saber notícias de um trabalhador da construção do açude chamado Haroldo Mazza e Sr Carlos Mazza muito obrigada
Gostaria de saber a cheia de projeto do desvio do rio Jaguaribe para construção do Açude de Orós.