Aderaldo
Ferreira de Araújo, figura lendária da poesia nordestina e mestre de cantadores
e violeiros, nasceu no Crato em 24 de junho de 1878. Tendo mudado desde cedo
para Quixadá, é identificado com o sertão central cearense. Se para o acidente
que causou sua cegueira existe mais de uma versão, sua carreira de menestrel
popular é lenda do principio ao fim. Cego aos 18 anos, sem saber ler nem
escrever, foi estimulado por sua mãe a cantar para ganhar algum dinheiro, o que
fez depois de um sonho onde fazia os seguintes versos para São Francisco:
Oh Santo de
Canindé
Canindé
Que Deus deu
cinco chagas
cinco chagas
Fazei com
que este povo
que este povo
Para mim
faça as pagas
faça as pagas
Uma sucedendo
as outras
as outras
Quando faleceu
sua mãe, feito o enterro, Aderaldo pediu que lhe indicassem o lado do nascente.
Tomou o rumo de Serra Azul, iniciando a caminhada pelos sertões em busca de
fama. Cantou para as humildes populações sertanejas e para figuras como o Padre
Cícero (de quem era afilhado), Lampião (de quem ganhou uma pistola de presente)
e políticos como Ademar de Barros e Juscelino Kubitscheck.
sua mãe, feito o enterro, Aderaldo pediu que lhe indicassem o lado do nascente.
Tomou o rumo de Serra Azul, iniciando a caminhada pelos sertões em busca de
fama. Cantou para as humildes populações sertanejas e para figuras como o Padre
Cícero (de quem era afilhado), Lampião (de quem ganhou uma pistola de presente)
e políticos como Ademar de Barros e Juscelino Kubitscheck.
imagem: Diário do Nordeste-blog de cinema
Rachel de
Queiroz, que conheceu de perto o cantador, diz que mais que os desafios que o tornaram
afamado, Aderaldo gostava de cantar modinhas, romances sertanejos e velhas
xácaras portuguesas adaptadas ou deformadas. Em suas viagens carregava também
um projetor manual, com o qual encantava as pessoas, mostrando e narrando
velhos filmes mudos.
Queiroz, que conheceu de perto o cantador, diz que mais que os desafios que o tornaram
afamado, Aderaldo gostava de cantar modinhas, romances sertanejos e velhas
xácaras portuguesas adaptadas ou deformadas. Em suas viagens carregava também
um projetor manual, com o qual encantava as pessoas, mostrando e narrando
velhos filmes mudos.
Um ano antes
de morrer, sem mais poder cantar, teve certo dia um novo apelo:
de morrer, sem mais poder cantar, teve certo dia um novo apelo:
Voltei de
novo a cantar
novo a cantar
Porque esta
é a minha sorte
é a minha sorte
Minhas cantigas
me dão
me dão
Roupa, comida
e transporte
e transporte
Deixarei este
dever
dever
Quando um
dia receber
dia receber
O beijo fatal
da morte.
da morte.
Morreu a 29
de junho de 1967 e foi conduzido ao cemitério por intelectuais, políticos e
principalmente por seus amigos violeiros.
de junho de 1967 e foi conduzido ao cemitério por intelectuais, políticos e
principalmente por seus amigos violeiros.
extraído do livro
O Ceará dos Anos 90 – Censo Cultural
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