Nesse estabelecimento os livros ficavam divididos em duas sessões, uma destinada a venda e outra ao aluguel. A loja que comercializava livros ficava na rua Formosa (atual rua Barão do Rio Branco). Além dessa, Rocha Junior era proprietário de outras lojas de diversos no centro de Fortaleza, existentes desde a primeira metade do século XIX.
Em 1849, o Jornal “O Cearense” anunciava aos leitores do jornal, o aluguel de livros na loja do português, mediante o cumprimento de algumas exigências:
Segundo os dados dos almanaques do Ceará, a atuação do livreiro na cidade teve duração por um período de, no mínimo, 30 anos dedicados à venda de livros em Fortaleza, com loja sempre na praça da Municipalidade (atual praça do Ferreira).
Em 27 de fevereiro de 1917, foi inaugurada a Livraria Humberto, de Humberto Ribeiro, na rua Major Facundo.
A Papelaria e Tipografia Renascença foi instalada em 10 de abril de 1924, na rua Castro e Silva n° 76, propriedade de Aldo Prado e Francisco Prado. Depois passou a ser simplesmente Livraria Renascença, já em mãos do livreiro Luis Carvalho Maia, na Rua Major Facundo, 746.
A firma Morais e Companhia funda a Livraria Ribeiro, em 28 de agosto de 1925, na Rua Guilherme Rocha, 198, Praça do Ferreira.
A Livraria Comercial foi fundada no dia 17 de fevereiro de 1926, na Rua Major Facundo, 151, da firma Quinderé e Cia, de Luis Quinderé e Meton de Alencar Gadelha. Depois a empresa foi vendida a terceiros.
A Livraria Seleta foi inaugurada no dia 4 de maio de 1927, encampada pela Sociedade editora São Francisco das Chagas, administrada por Ananias Frota. A partir de dezembro daquele ano, passou a funcionar no prédio n° 155, da Rua Major Facundo. Em janeiro de 1934 passou a chamar-se Livraria Quinderé.
Em dezembro de 1929, foi inaugurada na Rua Floriano Peixoto, Praça do Ferreira uma dos estabelecimentos que iria se tornar um dos mais tradicionais de Fortaleza: a Livraria Alaor, fundada por José Edésio de Albuquerque.
Edésio começou a vender jornais e revistas na Fortaleza da década de 20, ia buscar as publicações diretamente no porto e as levava para os leitores da capital e do interior, utilizando meios de transporte precários. Mais tarde contou com a ajuda de sua esposa, e de seu filho, José Alaor Albuquerque. Edésio não era apenas um comerciante de livros como tantos outros, empenhado tão somente na obtenção de lucros. Ele era antes de tudo um difusor da cultura, um idealista. E nesse mister nunca temeu arriscar a própria liberdade, desde que chegassem às mãos dos leitores, os jornais, revistas e livros condenados pela censura policial.
Líder estudantil, José Alaor era filiado ao Partido Comunista e fez amigos ilustres, como Luís Carlos Prestes, garantindo a continuidade dos negócios da família, que inaugurou uma distribuidora de livros, em 1962.
A Livraria Imperial foi inaugurada no dia 5 de outubro de 1935, de propriedade dos irmãos Magalhães, Anglada e Japi. Depois pertenceu a Clóvis Mendes, já na Rua Guilherme Rocha, baixos do edifício Excelsior. A Imperial prestou relevantes serviços a cultura cearense.
Chamada de Imperial Porta por seus frequentadores, foi durante muitos anos o último refúgio dos intelectuais da terra , os mesmos que frequentaram os cafés Richie, Art Nouveau, o Iracema, o Avenida, a Rotisserie, o Globo, confeitarias Nice e Glória, e por fim, o Abrigo Central.
A livraria Imperial fechou com a aposentadoria do proprietário, Clóvis Mendes, que não era apenas um vendedor de livros: Conhecedor do produto que vendia, indicava, discutia, orientava, escolhia autores e leitores.
Inaugurada em 24 de outubro de 1947 a Livraria Melhoramentos, de propriedade de Clóvis Rolim de Nóbrega, com endereço à Rua Major Facundo, 716.
No dia 13 de maio de 1949, foi inaugurada a Livraria Arlindo, de Arlindo G. de Amoreira, no andar térreo do Palácio do Comércio.
A Livraria Aéquitas foi inaugurada no dia 25 de novembro de 1944, na Rua Guilherme Rocha, 162, e além de livros e papelaria, tinha uma seção de discos.
Manoel Coelho Raposo, foi o fundador da Livraria Feira do Livro ainda na década de 50. Raposo montou uma filial em plena Praça, nas proximidades da banca de jornal do Bodinho, passando a comercializar, como acontece em todas as feiras, com revistas, livros e jornais. No local, Jáder de Carvalho lançou Aldeota, o seu discutido romance de costumes. Tempos depois Jorge Amado promoveu ali mesmo, uma noite de autógrafos. A Feira do Livro existe até os dias atuais, funcionando no bairro Montese.
As antigas livrarias não eram meros espaços de comercialização de livros; a maioria promovia encontros e debates literários, com a presença de intelectuais e personalidades da cidade.
consultas:
A Atuação dos Livreiros e a Circulação de Romances em Fortaleza no Século XIX – Ozângela de Arruda Silva
Cronologia Ilustrada de Fortaleza – Nirez
Geografia Estética de Fortaleza – Raimundo Girão
fotos do arquivo Nirez e do livro Geografia Estética de Fortaleza
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Nossa!!! Quanta riqueza nesses relatos recordando o passado. Parabéns pelo belíssimo trabalho. Sou Professora e me encho de orgulho lendo tudo isso.
Rapaz!!! eu achei aqui nas minhas reliquias varios recibos das livrarias da época Humberto papelaria 1927 *papelaria carneiro 1920* tipografia minerva barao do rio branco 110 de 1928*tipografia popular de 1929*papelaria vera cruz de 1916. papeis do meu avó tudo da prefeitura de cascavel kkk raridades veleu meu amigo.gostei do seu blogger
Relato maravilhoso. Sou sobrinha do Raposo, fundador da Livraria Feira do Livro. Na matéria coloca a livraria ainda em funcionamento, mas encerrou suas atividade em 2016, ano que completou 60 anos. Publicamos uma nota no Jornal O Povo agradecendo a população de Fortaleza pelo seu carinho e acolhimento dizendo que a Livraria saiu de cena, mas que não abandonou sua responsabilidade em tornar Fortaleza uma cidade de leitores ao doar 70 caixas de livros à bibliotecas públicas e comunitárias da cidade. Obrigada pelo relato.