A partir das últimas décadas do século XVIII a economia do
Ceará sofreu um processo de dinamização, sobretudo com o desenvolvimento da
agricultura algodoeira de exportação. Tal surto econômico influenciou nas
alterações da estrutura administrativa da capitania – como a criação de vilas –
e levou igualmente ao fim da antiga vinculação a Pernambuco.
Ceará sofreu um processo de dinamização, sobretudo com o desenvolvimento da
agricultura algodoeira de exportação. Tal surto econômico influenciou nas
alterações da estrutura administrativa da capitania – como a criação de vilas –
e levou igualmente ao fim da antiga vinculação a Pernambuco.
colheita de algodão (foto IBGE)
A submissão a Pernambuco era prejudicial à Capitania do
Ceará. Recife não dava muita assistência ao desenvolvimento material do Ceará e
muitas vezes as modestas riquezas locais eram escoadas tanto para Lisboa como
para Pernambuco. Eram comuns os ancoradouros precaríssimos, as estradas
rudimentares, a penúria das vilas. A falta de dinheiro era uma preocupação
constante nas localidades do interior do Ceará, e impressionava a situação de
miséria da maioria da população.
Ceará. Recife não dava muita assistência ao desenvolvimento material do Ceará e
muitas vezes as modestas riquezas locais eram escoadas tanto para Lisboa como
para Pernambuco. Eram comuns os ancoradouros precaríssimos, as estradas
rudimentares, a penúria das vilas. A falta de dinheiro era uma preocupação
constante nas localidades do interior do Ceará, e impressionava a situação de
miséria da maioria da população.
Aracati em 1960 (foto O Povo)
Sendo Capitania secundária, o Siará Grande não podia
comercializar diretamente com Portugal – suas exportações eram feitas através
do porto de Recife, o que era um empecilho à economia local. Com a expansão do
plantio do algodão no final do século XVIII, essa intermediação obrigatória por
Pernambuco tornou-se alvo das críticas dos cotonicultores e comerciantes
cearenses, sobretudo os de Fortaleza e áreas próximas.
comercializar diretamente com Portugal – suas exportações eram feitas através
do porto de Recife, o que era um empecilho à economia local. Com a expansão do
plantio do algodão no final do século XVIII, essa intermediação obrigatória por
Pernambuco tornou-se alvo das críticas dos cotonicultores e comerciantes
cearenses, sobretudo os de Fortaleza e áreas próximas.
Coincidem com o início do cultivo comercial do algodão os
apelos feitos por capitães-mores, produtores, vereadores e os comerciantes de
Fortaleza para que o Ceará ganhasse autonomia administrativa e o direito de
comercializar diretamente com Portugal. Contra isso iriam se posicionar os
comerciantes de Aracati e Icó, pois eram beneficiados com a intermediação e
transações que mantinham com Pernambuco.
apelos feitos por capitães-mores, produtores, vereadores e os comerciantes de
Fortaleza para que o Ceará ganhasse autonomia administrativa e o direito de
comercializar diretamente com Portugal. Contra isso iriam se posicionar os
comerciantes de Aracati e Icó, pois eram beneficiados com a intermediação e
transações que mantinham com Pernambuco.
Os pernambucanos eram igualmente contra a emancipação
cearense – perderiam lucros e impostos, além de verem diminuída sua área de
jurisdição. As autoridades, porém, apoiaram a ideia, pois com o Ceará ganhando
autonomia administrativa, gozariam de mais poderes, sem obrigação de se
submeter às decisões de Recife.
cearense – perderiam lucros e impostos, além de verem diminuída sua área de
jurisdição. As autoridades, porém, apoiaram a ideia, pois com o Ceará ganhando
autonomia administrativa, gozariam de mais poderes, sem obrigação de se
submeter às decisões de Recife.
Icó entre os anos 1910/20
Portugal, dentro da nova estrutura administrativa que tentava
implantar no Brasil, lucraria com a separação das duas capitanias. Com um
governo autônomo, imbuído de mais poderes, o Ceará talvez conhecesse um maior
desenvolvimento da administração e da
economia agrícola, possibilitando inclusive um aumento da arrecadação
tributária – necessidade real para um Reino que passava por apertos financeiros
e cada vez mais dependente de outras potências.
implantar no Brasil, lucraria com a separação das duas capitanias. Com um
governo autônomo, imbuído de mais poderes, o Ceará talvez conhecesse um maior
desenvolvimento da administração e da
economia agrícola, possibilitando inclusive um aumento da arrecadação
tributária – necessidade real para um Reino que passava por apertos financeiros
e cada vez mais dependente de outras potências.
Também seria interessante para Portugal porque, com o
desmoronar do sistema colonial no Continente americano naquele final de século
XVIII, seria mais uma forma de controlar os latifundiários locais, os quais
poderiam também abraçar as “ideias iluministas” e pensar em independência das
colônias.
desmoronar do sistema colonial no Continente americano naquele final de século
XVIII, seria mais uma forma de controlar os latifundiários locais, os quais
poderiam também abraçar as “ideias iluministas” e pensar em independência das
colônias.
Dona Maria I – “amor e delícia do seu povo, guiada pela sua inata beneficência” separou oficialmente O Ceará de Pernambuco, em 1799
Assim pela Carta-Régia de 17 de janeiro de 1799, a rainha
Dona Maria I (a louca), separou o Ceará
oficialmente de Pernambuco, possibilitando a navegação direta da capitania com
o Reino.
Dona Maria I (a louca), separou o Ceará
oficialmente de Pernambuco, possibilitando a navegação direta da capitania com
o Reino.
De início a permissão para comercializar diretamente com
Portugal não livrou a capitania da
intermediação de Pernambuco – muitos comerciantes locais, especialmente os de
Aracati, continuaram a negociar através de Pernambuco, mesmo porque o Ceará não
possuía ancoradouros adequados para receber os novos navios a vapor, de maior
calado. A separação oficial, portanto, não significou o fim da influência
política e econômica de Pernambuco sobre o Ceará. Também por afinidades
familiares e contiguidade territorial, estava muito ligado aos interesses de
Recife, o que ajuda a compreender o envolvimento cearense em movimentos
armados, como a “Revolução de 1817” e a “Confederação do Equador, 1824”.
Portugal não livrou a capitania da
intermediação de Pernambuco – muitos comerciantes locais, especialmente os de
Aracati, continuaram a negociar através de Pernambuco, mesmo porque o Ceará não
possuía ancoradouros adequados para receber os novos navios a vapor, de maior
calado. A separação oficial, portanto, não significou o fim da influência
política e econômica de Pernambuco sobre o Ceará. Também por afinidades
familiares e contiguidade territorial, estava muito ligado aos interesses de
Recife, o que ajuda a compreender o envolvimento cearense em movimentos
armados, como a “Revolução de 1817” e a “Confederação do Equador, 1824”.
Fonte:
História do Ceará, de Airton de Farias
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Muito bom o blog. gostaria de trocar informações com a autora. Eu sou apaixonado por Fortaleza.
Muito bom o blog. gostaria de trocar informações com a autora. Eu sou apaixonado por Fortaleza.
pode enviar a msg p/o email mfgprodema@yahoo.com.br
ou https://www.facebook.com/cearaemfotos
abs
PARABENS MUITO BOM SEU CONTEUDO, TERIA ALGUMA FOTO ANTIGA DE URUBURETAMA?