mantém integrada à Corte, às demais províncias brasileiras e aos países
estrangeiros mais importantes, por contínuo fluxo de embarcações que ainda
enfrentavam corsários e riscos de naufrágio na costa nordestina. Alguns
ilustres visitantes aqui estiveram motivados por objetivos de ordem científica,
comercial, religiosa, artística, e militar, a exemplo de Lord Thomas Cochrane,
que em 1824, em dezesseis dias de permanência, assegurou a conformação da
Província ao Imperador D. Pedro II e assistiu ao juramento de obediência e
fidelidade prestada pelos habitantes de Fortaleza.
Fortaleza, estabelecendo as primeiras organizações que atuariam voltadas para o
mercado internacional. O pioneiro foi o irlandês William Wara, em 1811, seguido
de Robert Singlehurst, John William Studart, Henry Ellery, Alfred Harvey,
Richard P. Hugges, John Foster, Charley Hardy e outros.
província pelas relações com as potências europeias, com claro predomínio da
Grã-Bretanha que estabelece relações comerciais e viabiliza o suprimento de
capitais e competência tecnológica. De um lado, há a facilitação dos processos
através de súditos europeus já migrados para a província, e de outro, a
disponibilidade de recursos para investimento do capitalismo internacional se
expande a partir de 1850. Em 1862, de 277 estabelecimentos comerciais existentes
em Fortaleza, 76 eram de estrangeiros.
navegação comercial com a província do Ceará, através de linhas ligando o Porto
de Liverpool e outros portos ingleses à cidade de Fortaleza, com rotas que
seguiam ao norte até New Orleans e New York. Empresas como a Liverpool Northern
Brazil Steamers (depois Booth Company) e a Red Cross Line of Mail Steamers
consolidaram essa rota que transportava o algodão e outros produtos primários
cearenses e abasteciam o mercado local de produtos britânicos. A aceitação
dessa presença é verificável na
denominação de lojas locais da época com Casa Manchester, Túnel de Londres,
Ship Chandler, Casa Reeckelk.
produção, comércio e intermediação financeira, mas também com forte interesse
na infraestrutura de serviços públicos. A essas áreas agrega-se a partir da
última década do século XIX, a geração e distribuição de energia elétrica, com
investimentos diretos ou por associação aos grupos financeiros do Canadá e dos
Estados Unidos da América, nos mercados onde esses países já mantinham
controle.
públicos, tem início em 1862, quando era concedido ao cidadão José Paulino Hoonholtz o privilégio de
explorar o abastecimento e a comercialização de água em Fortaleza por um
período de 50 anos. O texto legal assegurava o direito de exclusividade,
obrigando-se o contratante a canalizar a água do sítio no Benfica para a
cidade, e a construir quatro chafarizes. O governo por sua vez, fecharia todas
as cacimbas públicas de água potável existentes na cidade.
Logo depois, em
1863, Hoonholtz propõe a transferência dos seus direitos para uma firma
constituída e sediada em Londres para esse fim – a Ceará Water Company Limited.
Mas a ideia não se materializa facilmente. As obras somente são iniciadas em
janeiro de 1865, enquanto novos decretos são publicados, prorrogando o prazo
por mais 10 anos; isentando de impostos a importação de equipamentos necessários à execução da obra, e autorizando
o funcionamento da companhia inglesa no Ceará. O tempo de vida da empresa seria
encurtado pela seca que se abateu sobre o Estado em 1877, causa do
desaparecimento da água nos reservatórios de Benfica e ainda dos problemas
financeiros dos investidores ingleses. Ausentes do país os seus dirigentes, sem
nenhum representante oficial na província, infrutíferos seriam os esforços do vice-cônsul
inglês John William Chambly Studart para salvar a Ceará Water da decisão
governamental de sequestrar as
propriedades e bens da empresa como forma de obter recursos para pagamento de
dívidas acumuladas.
priorizando os serviços públicos essenciais. Em 1865, a empresa Ceará Gas
Company Limited, com sede em Londres, assume, por 59 anos, os serviços de
iluminação pública a gás carbônico. Também foi entregue aos ingleses a construção
do porto de Fortaleza. No ano de 1886 é contratada a firma Ceará Harbour
Corporation Limited, associação de capitalistas de Londres, a qual fora
concedido pelo governo imperial a missão de construir o porto e o direito de usufruir
as rendas de sua operacionalização pelo prazo de 33 anos. Depois, em 1892, o
prazo de conclusão é prorrogado e concedidas garantias de juros por 25 anos.
Baturité pela South América Railway Construction Company Ltd, sociedade inglesa
que teve a concessão rescindida por descumprimento de termos contratuais. Nessa
época vem ao Ceará o engenheiro Francis Reginald Hull, exemplo dentre os
estrangeiros que se integraram à vida Local.
Quatro vezes Mr. Hull desenvolveu
atividades profissionais no Brasil: de 1892 a 1893, na São Paulo Railway;
novamente na ferrovia paulista, de 1895 a 1900; em 1913, como superintendente
geral da Brasil North Eastern Railway, no Ceará; em 1921 como superintendente
da The State of Bahia South Western Railway Co. Ltd e a partir de 1933, em
Fortaleza, como vice-cônsul da Inglaterra e diretor local da The Ceará Tramway
Light and Power Co. Ltd.
em 1911, mais uma empresa é constituída em Londres para explorar serviços públicos. A Ceará Tramway
Light and Power Co. Ltd, que começou a atuar em Fortaleza em 1913, com o
fornecimento de energia elétrica para consumo residencial, suprimento para fins
comerciais e industriais e o serviço de transporte urbano, com bondes elétricos.
Em 1934, com o fechamento da concorrente
Ceará Gas, assume os serviços de iluminação pública. Esta seria a mais
importante e a última das empresas oriundas da Grã-Bretanha, concessionárias de
serviços públicos na capital cearense.
livro de Ary Bezerra Leite
Energia no Ceará
Compartilhe com alguém