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arquitetura+ponte+senador+pompeu A Arquitetura de Ferro no Ceará
Senador Pompeu, Ceará 

A arquitetura de ferro chegou ao Ceará na segunda metade do século XIX, importada da Europa, na forma de pontes metálicas para uso na rede de estradas carroçáveis, que servia à exportação do algodão produzido na província, com destino à Europa, tendo como escoadouro o porto de Fortaleza.

A primeira encomenda, feita no ano de 1867 à Casa Lishman & Co. da Inglaterra, foram pontes, em número de sete, que foram colocadas sobre os rios Pacoti, Putiú e Maranguapinho, todos nas cercanias de Fortaleza.

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A antiga ponte ferroviária sobre o rio Coreaú, aberta possivelmente em 1881 pela E. F. de Sobral – depois Rede de Viação Cearense – situa-se entre as estações de Granja e Martinópole, na entrada da cidade de Granja – Ceará.

Pouco tempo depois, em 1873, as pontes metálicas passaram a ser utilizadas no transporte ferroviário, na ligação Fortaleza – Baturité, que trazia para a capital a produção agrícola necessária ao seu abastecimento. De todas, a mais notável foi a ponte de Granja, sobre o Rio Coreaú , que servia à Estrada de Ferro de Sobral. 

Posteriormente vieram a ser montadas outras pontes, com vãos mais longos, como as de Senador Pompeu, Iguatu e a mais longa de todas, a de Quixeramobim. Na mesma época, em 1888, a fundição Saracen Foundry, fornece as grades metálicas, correntes e colunas para o Açude do Cedro.

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Açude do Cedro em Quixadá. Ao fundo a pedra da galinha choca
A atração dos governos do Ceará pelas estruturas de ferro não parou por aí. Em Fortaleza, das pontes, passou para os trapiches e outras armações. Entre as estruturas de maior expressão aparece a Ponte Metálica, na verdade, um trapiche, avançando mar adentro que funcionou como cais na então chamada Praia do Peixe, de 1906 até o início de operação do Porto do Mucuripe.  

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Ponte Metálica em Fortaleza. Construída a partir de 1902 pela firma Walter Max Floriano & Company, de Glasgow, Reino Unido. (arquivo Nirez)


Depois vieram as caixas d’água, que apareciam formando par com os cata-ventos, para irrigar jardins públicos. Á época da construção do Teatro José de Alencar foi erguido o par de caixas d’águas, projetadas pelo engenheiro cearense João Felipe Pereira, que se encontram na Praça Clóvis Beviláqua, atrás do prédio da Faculdade de Direito da UFC.

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Praça Clóvis Beviláqua, antiga Praça do Encanamento. As duas caixas d´’água são do início do século XX (arquivo Nirez)

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A caixa d’água construída pela empresa Hopkins, Causer & Hopkins, foi colocada inicialmente na Praça do Ferreira, no jardim 7 de setembro. Atualmente encontra-se na cidade da criança (foto arquivo do Blog) 


A utilização dessas estruturas nas edificações no Ceará permanece nos finais do século XIX, usadas primeiramente nas instalações da Estrada de Ferro Baturité, nas oficinas e nas plataformas internas da Estação Central de Fortaleza, inaugurada em 1882. 

Em 1891, no conjunto de escadas  em cruz do prédio da antiga alfândega. No que diz respeito a obras arquitetônicas completas, o primeiro exemplar notável foi o que serviu de base à Igreja do Pequeno Grande, junto ao Colégio da Imaculada Conceição.  

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A Igreja do Pequeno Grande foi concluída em 1903 (arquivo Nirez)

Em seguida, cabe destacar o antigo Mercado da Carne, encomendado a Guillot Pelletier, da França, inaugurado em 1897, com dois pavilhões em estrutura metálica, interligados, situado inicialmente na Praça Carolina, onde hoje se acham o Banco do Brasil e os Correios, na Rua General Bezerril. Posteriormente as duas estruturas foram divididas entre os atuais mercados dos Pinhões e da Aerolândia.

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O Mercado da Carne é de 1897 (arquivo Ah, Fortaleza!)

Como se vê, o gosto pela arquitetura de ferro é bem anterior a construção do Teatro José de Alencar, a obra mais conhecida e a maior referência do gênero. A preferência se explicava não só pela praticidade, mas porque representava uma grande conquista tecnológica da construção civil. Para a próspera classe dos comerciantes, a arquitetura de ferro além de traduzir avanço tecnológico, lembrava os grandes centros cosmopolitas europeus, com os quais eles mantinham contatos cada vez mais próximos, e nos quais projetavam seus sonhos de civilização e riqueza.
Extraído do livro
Teatro José de Alencar – O teatro e a cidade

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