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Em Redenção, três frondosas tamarineiras testemunharam que
ali a Vila, então Acarape, antecipou-se ao Brasil na Abolição da Escravatura,
exatamente por seis anos. Sob a copa das velhas árvores, onde castigos eram
infligidos aos negros, a libertação dos escravos foi comemorada pela primeira
vez em terras cearenses e não faltaram discursos, passeatas e festejos. A
partir de então, a Vila, depois município, passou a se chamar redenção e ganhou
o cognome de “Rosal da Liberdade”.

casagrande1 Redenção, o Rosal da Liberdade e a Fazenda Gurguri
 casagrande Redenção, o Rosal da Liberdade e a Fazenda Gurguri
 casa grande da Fazenda Gurguri

Além das árvores centenárias, uma sala no hoje Grupo escolar
Pe. Saraiva Leão, situado na mesma praça, guarda a memória de inesquecíveis
acontecimentos. Nela eram realizadas as ruidosas reuniões da Sociedade
Libertadora Acarapense, nas quais eram urdidos os planos contra os
escravocratas.

DSC00791 Redenção, o Rosal da Liberdade e a Fazenda Gurguri

Histórias verdadeiras ou lendárias correm na cidade, sobre a
época em que os negros eram considerados bichos e os brancos seus senhores de
vida e morte. Uma delas passou-se na Fazenda Gurguri, situada não muito
distante da sede do município. A fazenda ainda existe com algumas modificações, posto que agora é também uma pousada.
Casa-Grande típica, paredes de meio metro de largura, capela,
tronco para amarrar escravos, engenho de cana, casa de farinha, no amplo
alpendre um sino de bronze para a chamada ao trabalho e um enorme muro de
pedras construído pelos escravos lembram que ali o número deles era grande.

morro Redenção, o Rosal da Liberdade e a Fazenda Gurguri
 Morro Cabeça de Negro

Conta-se que seu antigo proprietário José Bento, após surrar
a mulher de um dos seus escravos, Nego Chico, foi assassinado por ele. Depois de
matar o amo, Nego Chico refugiou-se num serrote, atrás da fazenda. Perseguido e
na iminência de ser  capturado,
decidiu-se pelo suicídio, saltando do alto de um penhasco. Em alusão ao fato, o
serrote passou a denominar-se Cabeça de Negro e seu vulto enorme, cercando a
fazenda, parece querer lembrar o drama do escravo fugido.  


Do livro: o Ceará dos anos 90 – Censo Cultural
fotos de Rodrigo Paiva – mar/2014

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