Em 1907 chegava a Fortaleza o italiano Vitor Di Maio, trazendo o animatógrafo, montando em 1908, o Cinema Di Maio no prédio da Maison-Art-Nouveau, na Praça do Ferreira. A partir daí teve inicio a fase de prosperidade do cinema em Fortaleza. No caminho aberto por Di Maio, outros cinematógrafos surgiram: em 1909, Henrique Mesiano inaugurou o Cinema Rio Branco, na rua do mesmo nome; na mesma época Julio Pinto abriu o Cassino Cearense, na Rua Major Facundo. Eram exibidos filmes extraordinários como O Conde de Monte Cristo e a Dama das Camélias, este último, foi exibido quase trezentas vezes. Durante a apresentação dos filmes que eram mudos, um pianista tocava as músicas da moda.
O Amerikan Kinema foi inaugurado em fevereiro de 1915, na Praça do Ferreira; no dia 23 de dezembro de 1915, surge o Cinema Riche, também na Praça do Ferreira, no antigo local do Cine Di Maio, o primeiro empreendimento tendo como sócio Luiz Severiano Ribeiro em sociedade com Alfredo Salgado. Foi desativado em 1921. Henrique Mesiano inaugurou em 1917 o Cinema da Estação, no Boulevard Joaquim Távora, em frente a estação de bondes da Ceará Tramway Light and Power. Outro empreendimento de Henrique Mesiano foi o Cinema Tiro Cearense, inaugurado no Passeio Público, que funcionou por menos de um ano. Em 1917, por iniciativa do Circulo Operário e Trabalhadores Católicos, é instalado o Cinema São José, no teatro da agremiação na Praça Cristo Redentor. Foi o primeiro cinema criado pela Igreja Católica no Ceará e adotava o critério de separar homens e mulheres em duas alas. Funcionou até o início da década de 1940.
Mas o ano de 1917 ainda veria a inauguração de uma bela e luxuosa casa de espetáculos: O Cine-Teatro Majestic Palace. Construído por Plácido de Carvalho, instalado em um imponente prédio na Praça do Ferreira, com a destinação para o cinema explorado por Luiz Severiano Ribeiro e Alfredo Salgado. O palco foi inaugurado no dia 14 de julho com o espetáculo da cantora lírica e transformista italiana Fátima Miris.
O Majestic tinha uma sala de projeção que também era teatro, toda em ferro, como o Teatro José de Alencar. Tinha 650 cadeiras no distribuídas no térreo, nos dois andares, onde ficavam os camarotes e na geral. No bar com cadeiras de pés de ferro e pequena mesa e mármore, tinha música ao vivo a cargo do pianista Mozart Gondim Ribeiro. O lugar era frequentado por personalidades da cidade como Quintino Cunha, Dolor Barreira, Professor Raimundo Gomes de Matos, Lauro Maia, e outros. O Cine Majestic funcionou até 1968, quando foi consumido por um incêndio que destruiu a sala de projeção.
O próximo cinema a ser inaugurado em Fortaleza foi o Moderno, na Praça do Ferreira. Construído por iniciativa de Plácido Carvalho com o fim específico de uma casa exibidora de filmes, o Cine Moderno foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1922, dentro das comemorações do primeiro centenário da Independência do Brasil. A exploração do cinema ficou a cargo do Sr. Luiz Severiano Ribeiro. A sala logo ganhou a preferência do público seleto da cidade e teve o privilégio de lançar o cinema sonoro, no dia 19 de junho de 1930, com a exibição do filme “Broadway Melody”, com Charles King e Bessie Love.
Até 1925, vários pequenos cinemas são instalados em Fortaleza. Em 1922, surge o Cine-Teatro Pio X, mantido pela Ordem dos Capuchinhos, na Avenida Duque de Caxias com a Rua Barão de Aratanha. Um ano depois, em 1924, foi inaugurado um pequeno cinema na então Praia do Peixe – atual Praia de Iracema – denominado Cine Beira-Mar. Em 1925 o Centro Artístico Cearense, situado na Avenida Tristão Gonçalves, 338, começa suas atividades como cinema, e a 16 de dezembro de 1931, inaugura o palco para apresentações teatrais.
No dia 2 de dezembro de 1925, o Recreio Iracema, uma iniciativa da empresa de Diversões Artísticas, de Antônio Capibaribe, inaugura sua tela de cinema, já que como espaço teatral existia desde 1923. Localizado no Boulevard Visconde de Cauípe, passou a denominar-se Cine Benfica. Em 1927, a União de Moços Católicos, localizada na Rua Barão do Rio Branco, pôs em funcionamento o cinema que se popularizou como Cine União, no imponente prédio ainda hoje existente. No mesmo ano é inaugurado o Cine Grêmio Dramático Familiar, na Avenida Visconde do Rio Branco, como desdobramento do famoso espaço teatral em que foram lançadas as criações de Carlos Câmara.
A Tela Prateada, de Ary Bezerra Leite
Fortaleza Velha, de João Nogueira
Reportagem publicada no Jornal Correio do Ceará, edição de terça-feira, 21 de maio de 1968.
fotos do livro A Tela Prateada e do Arquivo Nirez
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Isso sim, era cinema de verdade, não essas salas horrorosas dos shopping centers que só passam filmes caça-níqueis.
Ler e ver estas fotos nos remete a um tempo onde o programa de adultos e famílias prescindia de lugares fechados, como bolhas, como shoppings que aprisionam a imaginação de caminhar pela cidade, para um sorvete ou um lanche após a película! Tudo segue como antes, as expectativas de uma grande sala permanece, porém o desfile citadino fica restrito ao que nada nos conta. Deixemos somente para a sétima arte, portanto.
Acho que vc tá frequentando um shopping bem pobre viu ou nunca foi em um kkkkkkkkk
Acho que vc tá frequentando um shopping bem pobre viu ou nunca foi em um kkkkkkkkk
No Cine São Luiz tive de colocar paletó e gravata para ver um dos mais belos clássicos do western que foi A ÚLTIMA CARROÇA estrelado por Richard Widmark, inesquecível. Também lá assisti ao épico A NOVIÇA REBELDE um musical extraordinário, belos tempos da brilhantina Glostora e do Crush geladinho depois do filme que balançou o refresco de pega-pinto até recentemente vendido nas proximiodadeds da bela Praça do Ferreira.