várias demonstrações de projeções luminosas, exibições primitivas de
bioscópios, fantascópios, animatógrafos. Gustavo Barroso fala no Estereopticon,
da empresa Cabral e Cia., que também teria funcionado no prédio da Casa Palhabote. Em 1907 também houve exibições cinematográficas no teatrinho do
Clube Iracema, promovidas pela empresa Oliveira e Coelho.
Mas cinema, cinema mesmo, quem o introduziu
no Ceará foi o cidadão italiano Vittorio di Maio, que se tornou conhecido em
Fortaleza, onde chegara em 1907, como Vitor di Maio. Ele, que já no século XIX, dez ou doze anos
antes, teria instalado o primeiro cinematógrafo no Rio, instala no ano de sua
chegada à capital cearense seu animatógrafo na parte dos fundos da Maison Art
Nouveau, isto é, na Rua Municipal (atual Guilherme Rocha). De instalações
modestas, o Cinema di Maio foi a casa pioneira da arte cinematográfica no
Ceará.
separava a primeira classe, mais distante, e a segunda, mais próxima da tela.
Bancos duros na “geral”. Havia enchentes aos domingos e às vezes ficavam
espectadores de pé, provocando protestos e reclamações para que tirassem os
chapéus.
a segunda. Caros para a época. Os
filmes eram franceses e italianos, de curta metragem. Havia na
programação sempre um ou dois filmes naturais, muito panorâmicos e parados.
Completava o programa uma ou duas fitas de maior extensão, e para o fecho, uma
comédia.
Branco, na rua do mesmo nome, quase na esquina
da Assembleia. E logo a seguir Júlio Pinto oferece ao público o cinema
Casino Cearense. No cinema Rio Branco
instalado com mais capricho, havia uma boa orquestra, por muito tempo dirigida
pelo maestro Luigi Maria Smido. No programa distribuído aos frequentadores
constavam as músicas a serem executadas pela orquestra. As sessões noturnas
eram duas vezes. A última sessão, quase sempre a de frequência mais distinta,
era chamada de “Soirée Chic” ou “Soirée das Rosas”.
cinemas da capital. Fez temporadas de grande êxito com seriados. Aos domingos
havia matinê infantil, às 6 horas com programas especiais e muita algazarra.
Também passavam filmes policiais, com crimes e bandidos em profusão. Não havia
restrição a menores, o público era formado por todas as idades.
O Casino Cearense (Cinema Júlio Pinto) era de instalações
mais modestas, mas num amplo salão. A projeção era feita na parede. Nos
primórdios o Casino teve orquestra, na sala de espera inclusive. Depois passou
a ter apenas uma pianista na sala de projeção.
na fachada campainhas estridentes que anunciavam o início e o término das
sessões. O Di Maio manteve algum tempo um realejo martelante.
tarde por uma reforma e receberia nova denominação: Cinema Riche, de Luiz
Severiano Ribeiro e Alfredo Salgado. Marcava o modesto cinema de Fortaleza a
entrada no mercado cinematográfico de
Luiz Severiano Ribeiro, que viria a ser um dos maiores exibidores do Brasil,
chegando a possuir mais quarenta cinemas só no Rio de Janeiro.
época. Foi o Cine-teatro Politheama, da empresa Rola e Irmão. Casa montada
com certo bom gosto, no coração da cidade, isto é, no meio do quarteirão mais
importante de Fortaleza, na Praça do Ferreira. Quando surgiu oferecendo maior
conforto o Politheama logo se tornou o
principal cinema da cidade. Exibiu grandes filmes e lançou no Ceará das fitas
norte-americanas da William Fox Corporation.
sessões de segundo a sábado e três aos domingos, incluindo a vesperal infantil.
Nesse período apareceu ainda outro cinema, localizado na Rua Floriano Peixoto,
esquina da Praça do Ferreira. Denominava-se American-Kinema e teve vida
efêmera.
arraigada da população. Contava-se aos milhares as pessoas que, mesmo residindo
no centro, jamais entraram num cinema! Nunca
foi possível até então os cinemas funcionarem à tarde. E mesmo as sessões
noturnas só eram concorridas aos sábados, domingos e feriados, ou nas exibições
de seriados ou de filmes sacros.
guerra dos cinemas, que resultou que alguns deles como o Rio Branco e o Júlio
Pinto baixassem os preços que chegaram até 100 réis, isto é, um tostão. Mesmo assim o cinema não se popularizou como
deveria acontecer numa cidade de 70 a 80 mil habitantes, sem teatros funcionamento
regularmente e sem outra diversão a não um ou outro circo, que aparecia
esporadicamente, que geralmente armava sua lona na Praça da Lagoinha ou da
Estação.
teatro inclusive, surgiu em 1917 o Majestic, de Plácido de Carvalho. Localizado na Praça do Ferreira, no prédio mais alto da cidade e em
posição privilegiada, o cinema-teatro era moderno, grande e confortável,
tirando o Politheama da competição e se tornando o cinema preferido da cidade.
inaugurado pela transformista Fátima Miris a 14 de julho de 1917. Na sua vasta sala de espera havia um grande quadro
de Francesca Bertini, pintado pelo artista cearense Raimundo Siebra.
truste, passando a funcionar em circuito, o mesmo filme era exibido pelos três
cinemas. Depois do Majestic foi inaugurado pela mesma empresa o Cine-Moderno,
que logo se tornou o principal do estado. À sua última sessão de domingo
acorrida toda a sociedade de Fortaleza, que antes comparecia à retreta no
Passeio Público. Antes das nove horas, o mundo elegante abandonava o velho
logradouro e desembocava pela Rua Major Facundo, desfilando pelas inúmeras rodas
da calçada das residências dos sírios, rumo ao Moderno.
econômica, o cinema até 1926 pelo menos, não chegou a ser diversão nem popular,
nem efetiva da cidade.
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