Na outrora pacata capital do Ceará, se desfrutava de
tranquilidade nos bairros, onde conviviam pacificamente famílias abastadas e
carentes. As Cambirimbas e a Tijubana eram aglomerados da classe pobre,
existentes respectivamente ao lado das espaçosas residências do velho Alagadiço
e de Jacarecanga. A Cachorra Magra se agregava ao Benfica, bairro descoberto
pelas famílias ricas da cidade. E, ao então simplório bairro do Outeiro, trecho
de Fortaleza situado a Leste do riacho Pajeú, alcançado por caminhos diversos
como o Corredor do Bispo (atual Rua Rufino de Alencar), o Beco do Pocinho e o
início da futura Rua Pinto Madeira, se agregava a Prainha, alcançada também
pela antiga Rua da Praia (atual Pessoa Anta) e habitada por pessoas de posses.
se assenta, mas se estendia à porção de cima, que dava frente para o areal hoje
correspondente à Praça Cristo Redentor e ao início da Rua do Seminário,
atualmente Avenida Monsenhor Tabosa.
hoje reduzida em sua extensão em decorrência da demolição da face norte da
desaparecida Rua Franco Rabelo, e a atual Avenida Castelo Branco, chamada popularmente de Leste Oeste, existia
um velho solar pertencente ao coronel Solon da Costa e Silva, proprietário da
Empresa Ferro-Carril – que explorava o serviço de bondes de tração animal,
sucedida em 1914 pela Ceará Light concessionária do serviço de bondes elétricos.
O prédio foi demolido para o alargamento
da Avenida Leste Oeste.
Pública, havia a casa n° 317 da desaparecida Rua Franco Rabelo, no início da
avenida leste Oeste. Foi o primeiro bangalô construído em Fortaleza, iniciativa
de Manuel Pio. Vizinho a esse prédio, existia outro na esquina com a atual Rua
Almirante Jaceguai , que integra a Ladeira da Prainha, onde os bondes estacavam
pela impossibilidade de subi-la. Nele residiu José Pio, irmão do proprietário
do bangalô vizinho, e sua estampa consta do Álbum de Vistas do Ceará, editado
em 1908. Depois foi residência de Francis Hull, cônsul inglês em nossa terra e
gerente da Ceará Light, e autor de estudos sobre a problemática das secas.
Também esse imóvel foi demolido e o terreno correspondente serve de
estacionamento de automóveis ou atividade similar.
frente para a Igreja da Conceição da Prainha, localiza-se o prédio outrora
residência do Barão de São Leonardo, que correspondia aos n°s 5, 15 e 23 da
Avenida Monsenhor Tabosa, antiga Rua do Seminário.
número 39, onde residia no início do século passado grande poeta cearense que
batizou rua da cidade, e foi preterido por um vereador qualquer, que renomeou a
rua com o nome do pai, dono de um posto de gasolina ali situado. José Albano,
poeta dos maiores, membro da família chefiada pelo Barão de Aratanha, morava na
Prainha. Costumava descer a ladeira do bonde para banhar-se nas ondas que
quebravam nas areia da então Praia do Peixe.
foi construído o prédio do Seminário Diocesano, e completando a quadra, com
oitão para a Praça cristo Redentor, foi levantada a Igreja da Conceição.
praticamente não existia, ocupada por casebres, motivo pelo qual foi fácil
levantar o suntuoso prédio do Círculo Operário São José, uma das primeiras
iniciativas do 3° bispo do Ceará, Dom Manuel da Silva Gomes. No centro da praça
foi erguida, em 1922, uma coluna com a imagem do Cristo Redentor no seu topo,
abençoando a cidade.
Essa coluna foi
construída em comemoração ao centenário da independência do Brasil, por
inspiração de Raimundo Frota, grande benfeitor do Círculo Operário, tendo sido
inaugurada em 7 de setembro de 1922. Enquanto os foguetes subiam ao céu, os
quatro novos sinos da Igreja da Prainha badalavam, dentre os quais o
Centenário. Na ocasião pôs-se em funcionamento o relógio de quatro faces,
depois retirado por inativo, em consequência da oscilação da coluna, e vendido
à Igreja dos Remédios, no Benfica. A coluna teve seus dias de glória, quando em
dias especiais, Dom Manuel celebrava na capelinha que lhe servia de base,
enquanto a imagem era iluminada à noite, até que, durante a 2ª Guerra Mundial, as autoridades impuseram a
retirada da iluminação por questões de segurança. Aos domingos e dias festivos
era franqueada a subida até o topo da coluna, através de uma escada interna em
espiral, de onde se descortinava todo o belo panorama da cidade e do mar.
livro
Abreviada de Fortaleza e crônicas sobre
a cidade amada,
Aderaldo
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