200 mil habitantes, assim como as demais cidades do Brasil e do mundo, vivia
ainda a euforia pelo término da Segunda Guerra Mundial, e mostrava um clima de comemoração pelo fim do conflito.
ares aristocráticos, era francesa no seu aculturamento.
formação das senhoritas de boa estirpe, comandava a moda, o padrão das lojas, e
de suas artísticas vitrines, a vida social que acontecia no Clube Iracema, no
Clube dos Diários e no Ideal Clube. Por isso era comum naquela época, as
moças “de boas famílias”conversarem em francês e tocarem piano nos fins de tarde, nas
senhoriais moradias do centro da cidade.
Cine Diogo, fazer compras na Casa Sloper, ver as vitrines da Casa Parente,
merendar no Jangadeiro ou no Eldorado, ter na sala uma ampliação colorida da Aba Film,
usar perfume Promesa, encomendar chapéus às Irmãs Almeida, frisar os cabelos na
Madame Santinha, comprar tecidos finos na A Cearense ou na Broadway e, aos
domingos, assistir a missa das 8 na Capela das Missionárias, na Avenida Rui
Barbosa.
Em agosto de 1945 com o término da guerra e a debandada dos
soldados americanos, as “Coca-Cola” estavam em recesso, embora ainda fizessem
sucesso. As damas de fino trato usavam peças de bronze e alabastro para
ornamentar suas casas, não dispensavam os cristais da Bohemia, as baixelas de
prata, os abajures com cúpula de pergaminho legítimo, os aparelhos de jantar em
faiança “castelo azul” de origem chinesa, comprada via Inglaterra.
era comercial e residencial, de poucos bairros e, consequentemente, de poucas
linhas de bondes e de ônibus. A vida era
pacata. Nas calçadas das residências, à noite, formavam-se as chamadas rodas de
calçadas com papos variados e as reuniões iam noite a dentro. As ruas muito limpas eram pavimentadas
com paralelepípedos, com pedras toscas ou concreto. As praças eram ajardinadas,
fartamente arborizadas e frequentadas por pessoas de todas as idades. Havia segurança,
não se ouvia a palavra assalto e ladrões, só os de galinha. Podia-se andar
livremente, a qualquer hora do dia ou da noite, em todos os quadrantes da
cidade, sem o menor receio.
mercadorias, principalmente dos chamados “secos e molhados” passavam até um ano
sem serem alterados. A moda também era
duradoura. Roupas, sapatos e chapéus eram usados até a saturação. Não havia
técnicos de marketing determinando que a moda tinha de ser efêmera e mudar
continuamente para agradar às indústrias têxteis.
todo mundo era obrigado a comprar os tecidos e procurar os alfaiates e as costureiras
para a confecção de suas roupas.
casimira inglesa à noite. As mulheres
usavam muita seda francesa, com estampa
florais sobre o fundo negro, musselinas para os vestidos de noite, com muito
laço, muito drapeado e fivelas. Os sapatos eram quase sempre combinados de
pelica e camurça, abertos de preferência e, não raro, os ditos plataforma,
inspirados em Carmem Miranda. As luvas e os chapéus eram indispensáveis, até
para as compras; os decotes eram discretos, as saias desciam até esconder os
tornozelos envoltos em meias de seda.
efetuadas na Casa Tupy, na Casa Joana D’Arc, na A Miscelânea, na Casa Leitão,
na Casa Tabajara e na Leão do Sul. O Posto Mazine oferecia os melhores carros
de aluguel e era de bom tom, tomar sorvete no Café Belas Artes, no Palácio do
Comércio, após sair das sessões noturnas do Diogo e do Moderno.
Os cinemas do
centro apresentavam duas sessões, sendo uma às três e meia e a outra às sete e
meia. Assim era Fortaleza em 1945, quando as mulheres se arrumavam para sair,
se faziam elegantes para ir ao cinema, quando as bijuterias eram filigranas e
marcassitas, quando as meias eram de seda, quando as sombrinhas protegiam dos
raios solares as “cútis aveludadas como pétalas de rosas”.
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