continuação …
rádio, com seus excelentes locutores, seu “regional”, seu radio teatro e suas
novelas tão palpitantes? Cadê Tânia Maria, Vera Lúcia, Terezinha Holanda, as
irmãs Sousa Moura? O que foi feito de Tereza Moura e do Magalhães que
selecionavam os discos de cera para as programações musicais? Parece que tudo
virou silêncio.
Não se escuta mais o vozeirão de Cabral de Araújo, nem a
sonoríssima voz de Manuelito Eduardo, nem a notícia na voz de Aderson Brás, nem
a voz pautada de Mozart Marinho. Por que João Ramos não voltará a “amar” Laura
Santos? Talvez porque José Limaverde passou a fazer parte das “Coisas que o
Tempo Levou”…
anunciando que ali se faziam “ponto a jour”, “passa-se ponto cairel”,
“cobrem-se botões” porque as roupinhas das crianças não tem mais “ponto picot”?
Por que as famílias não mais se visitam, como antigamente
faziam? E era tão bonito, tão humano, tão família. Eram aquelas visitas de
tantas saudades, os pontos de união entre as pessoas. Já se sabia: em
determinado dia, melhor dizendo, em determinada noite da semana, era a vez de
fulano e sua família. E todos eram bem recebidos, as mulheres formavam um grupo
onde as conversas giravam sobre as amenidades do dia a dia no lar, os estudos
das crianças, a moda, algum disse-que-disse. Os homens formavam outro grupo,
falavam de política, da Constituição, do governo Vargas, da guerra e suas
sequelas. As crianças brincavam, corriam, cantavam, formavam rodas de ciranda
nas calçadas, as meninas mostravam as novas bonecas, “arrumavam a casa para
receber as visitas”. Depois, todos em volta da mesa comiam bolos e sequilhos,
tomavam café ou licores.
e separaram as pessoas. Ninguém mais se visita, até mesmo entre familiares o
isolamento aconteceu. Todos vivem suas próprias vidas. Cada casa é um gueto.
ruas? Por que os supermercados acabaram com as mercearias e bodegas, pontos de
aproximação das donas-de-casa, de aconchego entre as pessoas, de momentos de
humor entre os merceeiros e os fregueses? Cadê o sorveteiro, o aguadeiro, o
padeiro, o leiteiro, o gazeteiro, o figueiro, o verdureiro? Os pregões
silenciaram e deixaram com seu silêncio uma lacuna e uma grande nostalgia. No balanço
final, a gente constata entristecido que, pouco restou.
Das tantas farmácias,
só ficaram a Pharmácia e Drogaria Oswaldo Cruz, a Farmácia Theodorico, a mais
antiga de Fortaleza, a Farmácia Motta, a Farmácia Arthur de Carvalho, na
esquina da Avenida Visconde de Cauípe com a Rua Padre Francisco Pinto, no
Benfica, e a Farmácia e Drogaria Pasteur, esta última, ocupando prédio pequeno
e sem “it”, bem diferente da bonita sede da Praça do Ferreira.
Barroso, entre as Ruas Barão do Rio Branco e Floriano Peixoto, pululavam os
armarinhos. Restaram apenas “A Samaritana”, “A Rendeira” e a “Casa Osmar”.
Engenho Coração de Jesus. Das sapatarias, só restaram a “Sapataria Belém”,
agora compreendendo uma cadeia de bonitas lojas. “Esquisita”, também com cadeia
de lojas, inclusive em outras capitais do Nordeste; “Casa Pio”, também
dinamizada com diversas lojas muito bem instaladas.
instalou outras unidades, construiu moderno shopping center e explora outras
atividades comerciais. Das grandes lojas só a Casa Parente sobreviveu, com sua
sede melhorada e ampliada, ocupando todo o edifício Parente e instalando lojas
em shoppings. De tantas camisarias e lojas de moda masculina, apenas a Casa
Bicho e a Casa Americana restaram…
Aba-Film, que a gente se orgulhava de ser o maior estabelecimento fotográfico
da América do sul. Também se desenvolveu e conta várias unidades em Fortaleza e
outras cidades.
entre as Ruas Barão do Rio Branco e General Sampaio, só restou a Casa Belo
Horizonte, que sempre manteve um aspecto diferente. De sua antiga sede, na Rua
Floriano Peixoto, mudou-se para a Rua Major Facundo, com seus mostruários de
tecidos finos e s o seu serviço impecável.
Epitácio e a Moldura Elegante. Das tantas livrarias, pontos de intelectuais da
cidade, nada restou.
grande e imorredoura saudade. Nos espaços ocupados pela irreverência, pelo
desamor, pelo descaso, pelo atentado à estética, a minha revolta pelo desrespeito
àqueles que, décadas atrás, tiveram visão para querer fazer de Fortaleza, uma
cidade aristocrática e bela.
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Oi vi o seu blog a cantora adamir ela mora em minha cidade sao jose do rio preto e passa muita dificuldade se tiver o contato da familia dela 17992706508