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Embora houvesse poucas opções, viver em Fortaleza
representava dispor de um espaço que oferecia lazer e diversão. Nos anos
1930/40 o banho de mar começou a ser apreciado e difundido largamente, embora o
uso de calções e maiôs fosse desaprovado e sofresse sérias restrições por parte
da igreja.

O cinema era outra atração, havendo várias salas de projeção
nos bairros mais longes do centro. Os mais famosos eram o Majestic e o Diogo. Na
década de 1950, surgiu o maior e mais luxuoso, o São Luís. Para se ter acesso a
estes cinemas, era preciso estar bem trajado, os homens de paletó, as mulheres
com vestidos finos, luvas e chapéus. 

cine+joaquim+tavora Fortaleza anos 40  – A Cidade se Diverte
Cine Joaquim Távora, um dos “poeiras”, como eram chamados os cinemas de bairro. Ficava na Avenida Visconde do Rio Branco, 2406 (arquivo Nirez)  

Conta-se que o famoso cineasta Orson Welles,
quando de sua passagem por Fortaleza, foi barrado no Diogo, por não estar
convenientemente vestido de paletó. Na famosa sessão das quatro, no Diogo, aos Domingos,
estava a “nata” da juventude. Os filmes, na maioria de origem americana,
continuavam a influenciar o comportamento das pessoas e a difundir o american
way life
.

centro+massapeense Fortaleza anos 40  – A Cidade se Diverte
Fundado em 30 de novembro de 1932 com o nome de Liga Massapeense, depois denominado Centro Massapeense. Estava localizado na esquina da Avenida Aquidaban (hoje Historiador Raimundo Girão) com a Rua Barão de Aracati, na Praia de Iracema (arquivo Nirez) 
  
A cidade contava com  clubes refinados para as classes abastadas,
como o Náutico, o Ideal (o único com piscina) o Líbano, os Diários e outros,
onde ocorriam suntuosas festas, tertúlias e bailes carnavalescos com orquestra.
Os clubes favoreciam a transmissão de valores e o relacionamento social,
namoros e casamentos entre as classes alta e média.

Olhar vitrines tornou-se um lazer para as elites, o
consumismo era cada vez maior, as pessoas estavam sempre procurando adquirir as
novidades, que mostravam seu poder econômico e o ingresso na modernidade. 

DSC05235A Fortaleza anos 40  – A Cidade se Diverte
Anúncio da Loja Irmãos Pinto, que funcionava na Rua Major Facundo, publicado no jornal Correio do Ceará

Os
jornais anunciavam os últimos modelos de eletrodomésticos, que ajudavam as
donas de casas nos afazeres domésticos. Ser feliz, era consumir e
ostentar.  Considerava-se um glamour
aparecer nas colunas sociais dos jornais, a ponto dos colunistas ganharem uma
importância equivalente a de uma autoridade, além de prestígio político.

estadio+presidente+vargas Fortaleza anos 40  – A Cidade se Diverte
Estádio Presidente Vargas quando existiam apenas duas cabines de rádio, a Ceará Rádio Clube e a Rádio Iracema – final da década de 1940 (arquivo Nirez)

O futebol atraía multidões masculinas para o Estádio
Presidente Vargas, onde eram disputadas animadas partidas. Além do futebol o
povo sentia-se atraído por festas religiosas e procissões. O carnaval era
severamente vigiado e controlado pelas autoridades, tornando-o ainda mais
minguado. Apenas nos clubes havia bailes carnavalescos mais animados e menos
vigiados. 

Imagem+%252831%2529 Fortaleza anos 40  – A Cidade se Diverte
Cronista Social Robert de Singerie (foto do livro Os Anos Dourados, de Marciano Lopes)

Os moradores ainda se reuniam em rodas de cadeiras nas calçadas nos
finais de tarde, mas o costume já começava a rarear. 
Condenavam-se os namoros obscenos, o vício do álcool, a
leitura de revistas e livros indecentes. A vigilância conservadora atingia
igualmente os concorridos programas de auditório nas emissoras de rádio – em 1948
surgiu a Rádio Iracema, concorrente da até então única emissora, a PRE-9. O
rádio reinava como meio de comunicação e lazer – as radionovelas faziam enorme
sucesso.
  Frequentemente passavam por
aqui artistas do Centro-Sul, para shows que atraiam multidões.

Inspirando-se nos ídolos de Hollywood, os jovens da elite
tinham como objeto de consumo a lambreta – um elemento de diferenciação e autoafirmação
para aqueles rapazes, símbolo de boa condição financeira, poder, velocidade e
arma de sedução.

Extraído do livro
História do Ceará, de Airton de Farias

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Autor

mfgprodema@yahoo.com.br