Dezoito anos depois de reinar solitário como a sala de
exibição maias elegante da cidade, o Diogo Perdeu a coroa para o Cine São Luiz,
inaugurado em 23 de março de 1958, com o filme Anastácia, estrelado por Ingrid Bergman
e Yul Brynner. A história do cine São
Luiz, conta também a evolução de
Fortaleza. Durante longos anos, os tapumes escondiam o esqueleto do
arranha-céu que o Sr. Luiz Severiano Ribeiro, o pai, mandara erguer em plena
Praça do Ferreira, numa manifestação de amor à terra natal.
Surgiram curiosas
lendas a respeito da obra inconclusa. Dizia-se, por exemplo, que Severiano
Ribeiro, o maior exibidor cinematográfico da América do Sul, com salas em quase
todas as grandes cidades do País, tivera um sonho no qual lhe era dito que sua
morte aconteceria ao término da construção do edifício São Luiz. Claro que a
causa da demora tinha fundamento econômico.
A cidade, ainda muito acanhada, não
comportava um cinema melhor e mais amplo do que o Diogo. Isto significa que, ao
abrir o São Luiz em 1958, a Empresa Severiano Ribeiro entendeu que Fortaleza
evoluíra, que já não era mais aquela província que costumava vaiar a tudo e a
todos na Praça do Ferreira.
O folder trazendo o programa inaugural do cinema, traz na capa como se fora o filme de abertura da programação, O Principe Encantado, mas na página seguinte é logo tudo esclarecido. O filme de abertura do São Luiz, em 23.03.1958 foi Anastácia. O festival de inauguração incluíam grandes clássicos do cinema, como Suplicio de uma Saudade, Férias de Amor, Melodia Imortal, Tarde Demais para Esquecer, Juventude Transviada, e outros.
O Diogo embora apresentando grandes filmes ficou em segundo plano. Mas a sua sessão das quatro perdurou como ponto obrigatório de encontro da juventude todos os domingos.
Luiz representou de fato, um marco de progresso na capital cearense. Seu surgimento
corresponde à era Juscelino, sinônimo de desenvolvimento do Brasil e do Ceará,
inclusive através do processo de
industrialização, que provocou a mudança da sociedade rural brasileira numa
sociedade urbana. Os automóveis, fabricados em São Paulo, começaram a povoar as
ruas de Fortaleza, que até hoje paga o preço dos atropelos causados por um
trânsito caótico, por conta da falta de planejamento urbanístico adequado para
os tempos que estavam chegando.
livro
Quatro, cenas e atores de um tempo mais feliz,
Girão
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