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faustino As lutas Sociais dos anos 1940 e 1950
Governador Faustino de Albuquerque 
imagem:http://cearaterradosol.blogspot.com/2008/09/ceara-memoria-faustino-albuquerque.html 

As décadas de 1940 e 1950 foram de muitas lutas sociais de muita repressão no Ceará, principalmente em Fortaleza. Greves dos operários das fábricas de tecidos de Fortaleza por aumento de salário; greve geral em Camocim contra a retirada dos trens da RVC; organização e luta dos trabalhadores do campo e contra a exploração patronal e pela reforma agrária; luta das mulheres contra o alto custo de vida, contra o envio de soldados brasileiros para a Guerra da Coréia e pela paz; luta dos estudantes e de todo povo em defesa da campanha O Petróleo é nosso.

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trecho da Praça José de Alencar, anos 1950. A partir da esquerda o conjunto arquitetônico do Centro de saúde, o Theatro José de Alencar e o Lord Hotel. O bloco frontal do Theatro encobre o antigo prédio da escola Normal. A Praça era um dos locais prediletos para panfletagens e comícios-relâmpagos dos militantes ligados ao Partido Comunista (arquivo Marciano Lopes)

  

Saído da clandestinidade em que se encontrava desde o seu surgimento – no ano de 1922 – o Partido Comunista, depois de breve período de legalidade, retornava ao mesmo status de antes – a clandestinidade. A ilegalidade servira-lhe para esclarecer o povo acerca dos seus objetivos e aumentar consideravelmente suas bases. 

A Sede do PC em Fortaleza, sempre cheias de militantes, ficava no cruzamento das Ruas Guilherme Rocha com Barão do Rio Branco. O campo de ação eram as Praças do Ferreira e José de Alencar, onde aconteciam os comícios-relâmpagos, as panfletagens e as pichações.

Vivia-se a época do culto à personalidade. A data de aniversário do líder Luís Carlos Prestes, Secretário Geral do Partido, apesar da repressão policial, era festivamente comemorada  pelos militantes, com foguetórios, pichações e bandeiras vermelhas no alto dos prédios.

Para o cumprimento dessas tarefas, geralmente arriscadas, destacavam-se os militantes da juventude comunista. No dia 3 de janeiro de 1951, além da tradicional queima de foguetes e das panfletagens na Praça do Ferreira, foram hasteadas bandeiras vermelhas no alto da Rotisserie, e do prédio em construção do Cine São Luiz, verdadeira temeridade.
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Numa das ações ousadas do Partido, militantes colocaram uma bandeira vermelha no alto do prédio da Rotisserie, na Praça do Ferreira. (arquivo Nirez)

Contudo, de todos esses desafios contra o governo, o que obteve maior repercussão, pela audácia, foram as pichações  exigindo a renúncia do presidente da República. Certa noite, logo após o fechamento do Partido, em 1948, as praças do Ferreira e José de Alencar  foram inteiramente pichadas com frases exigindo a renúncia do presidente Eurico Gaspar Dutra, e denunciando a interferência americana na política interna do Brasil. 

Com efeito, o ato proibitório do General Dutra valia como o engajamento do seu governo na guerra fria desencadeada pelos americanos com a antiga União Soviética e o socialismo.
Ações de massa mais enérgicas não se fizeram tardar. 

No ano seguinte, em agosto de 1949, o partido conclamava a população de Fortaleza a impedir a realização de um congresso dos integralistas, dirigido por Plínio Salgado, no Teatro José de Alencar.  O presidente Dutra havia solicitado ao governador  Faustino de Albuquerque (1947-1951), que garantisse a realização do evento. 

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no hall de entrada do Theatro José de Alencar foi assassinado Jaime Calado, um dos dirigentes do partido em Fortaleza. (Foto inicio da década de 1940 – Aba Film)  


No hall do teatro, após um confronto com os integralistas, o dirigente comunista Jaime Calado foi assassinado a tiros. O crime serviu para acirrar ainda mais os ânimos. Convocada pelo partido, por parlamentares e por entidades democráticas, uma multidão com cerca de 10 mil pessoas se fez presente na Praça José de Alencar, a fim de protestar contra o congresso integralista, e a presença de Plinio Salgado em Fortaleza.

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cartaz do movimento integralista


Faustino de Albuquerque,  dando cumprimento ao compromisso assumido com o presidente Gaspar Dutra,  não hesitou em jogar o Esquadrão de cavalaria e toda a polícia contra os manifestantes. Durante horas, polícia e manifestantes  se enfrentaram  na praça.  Os discursos foram interrompidos e a população dispersou-se, deixando um saldo de dezenas de feridos. 


Fonte:
 Alberto S. Galeno

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