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dom+pedro+I Cidade da Fortaleza da Nova Bragança
Dom Pedro I, pela Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, elevou a Villa de Fortaleza à categoria de Cidade, em 1823, com a denominação de Cidade da Fortaleza da Nova Bragança

Nas três primeiras décadas do século XIX, enquanto Fortaleza
caminhava para se tornar o principal centro urbano do Ceará, a agitação
política tomava conta do Brasil, tendo reflexos no Estado. Em 1817 os liberais
cearenses comandados pela família Alencar do Crato, aderiram à revolução
Pernambucana, na esperança de obter a independência de Portugal e criar uma
República.  
Em 1822, o Ceará foi alvo de disputas
armadas entre os favoráveis à independência brasileira e dos defensores da
permanência dos laços com Portugal – os primeiros, vencedores, chegaram a
mandar tropas para ajudar a causa emancipacionista no Maranhão e Piauí.



rua+24+de+maio+com+guilherme+rocha+e+pr%C3%A7a+jose+de+alencar+1910 Cidade da Fortaleza da Nova Bragança
Rua 24 de Maio esquina com a Praça José de Alencar em 1910

O apoio cearense ao Grito do Ipiranga levou o imperador D.
Pedro I, a decretar em 1823, Ato Régio elevando Fortaleza à categoria de cidade
com o nome de Fortaleza de Nova Bragança, numa “modesta” homenagem a família do
imperador. O nome não durou muito. A elevação do status da capital não pode
deixar de ser vista como um reconhecimento ao crescimento da cidade, e à sua
crescente importância política.
Em 1824, atracou em Fortaleza, a esquadra do mercenário
inglês Lord Cochrane para intensificar  a
repressão à Confederação do Equador , movimento separatista que visava criar no
que hoje chamamos Nordeste, uma República independente.  Vale lembrar que à época não havia uma identidade
nacional ou um Estado nacional brasileiro consolidado, sendo perfeitamente compreensível
que várias revoltas tivessem caráter separatista. O movimento foi brutalmente sufocado
em um banho de sangue. A unidade territorial brasileira, imposta a partir do
atual Sudeste, foi implantada com enorme truculência.



rua_major_facundo_1900 Cidade da Fortaleza da Nova Bragança
Rua Major Facundo no início do século XX

Não se pode exagerar acerca da prosperidade material da
cidade. Historiadores apontam a pobreza, as grandes deficiências estruturais da
cidade, e os problemas enfrentados pelos fortalezenses na primeira metade do
século XIX.  Podem-se notar as próprias
demandas por mais estruturas urbanas como um sinal da lenta expansão da
capital, evidenciando também o descompasso entre o crescimento econômico, a
administração pública e o aumento da população. Embora imprecisos, estima-se o
número de habitantes em 1808 era de 9.624 pessoas; em 1816, cerca de 12 mil e em 1863, mais de 16 mil 
moradores.


Rua+Formosa+esquina+com+Travessa+da+Miseric%C3%B3dia Cidade da Fortaleza da Nova Bragança
Rua Barão do Rio Branco, antiga Rua Formosa (anos 20)

Em relatório do presidente da Província, de 1839, o porto de
Fortaleza apresentava-se extremamente precário; e sabe-se pelos relatos de
viajantes estrangeiros que o embarque e desembarque de mercadorias constituía-se
quase uma aventura, havendo vez por outra acidentes e mortes. 
O acesso ao
denominado Porto da Prainha era complicado, pelo número de áreas pantanosas nas
proximidades, e pela má conservação desse trapiche, as estradas, embora algumas
delas tenham sido abertas nesse período, eram ainda em número insuficiente para
escoar a produção sertaneja, sem falar que a conservação dessas estradas,
igualmente deixavam a desejar. 
As ruas da cidade não tinham pavimentação e eram
constantes as reclamações acerca do areal frouxo no qual atolavam os carros de
bois e das rajadas de vento que atingiam os transeuntes.



porto Cidade da Fortaleza da Nova Bragança
Porto de Fortaleza ainda em construção na Praia do Peixe em 1889 (atual Praia de Iracema). Nesse dia desembarcou em Fortaleza o Conde D’Eu. 


A capital apresentava várias áreas pantanosas (como as da
Prainha e as margens do Rio Cocó) verdadeiras ameaças à saúde pública e
escasseava os recursos para aterrá-las. As pontes eram poucas e também se
achavam em péssimo estado de conservação, o que dificultava a passagem de
cavaleiros, pedestres e carroças com produtos.
O relatório de 1850, do presidente Fausto Aguiar falava do
problema e solicitava parte do orçamento provincial para contorna-lo. 

pra%C3%A7a+general+tiburcio+1856 Cidade da Fortaleza da Nova Bragança
Praça General Tibúrcio (antigo largo do Palácio) em 1856

Havia reclamações
sobre a escuridão das ruas e sobre a necessidade da iluminação artificial,
concebida não apenas como sinal de progresso, mas, sobretudo, por questão de
segurança, visto que os gatunos agiam com frequência. Com muito esforço o governo
provincial comprou, em 1838, cinquenta lampiões, os quais, porém, ficaram anos
sem funcionar porque a Câmara dos Vereadores não tinha recursos para comprar
azeite. A população que procurasse solução com suas lamparinas, velas toscas e
mal cheirosas e tratasse de se recolher cedo às suas casas, fechando bem portas
e janelas.
O comércio continuava frágil, e apesar do crescimento dos
negócios envolvendo a lavoura algodoeira de exportação, até fins da década de
1840 a maior parte da renda da província vinha das negociações internas
envolvendo a pecuária.


fotos do Arquivo Nirez
Extraído do livro de Artur Bruno e Aírton de Farias
Fortaleza, uma breve história

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mfgprodema@yahoo.com.br

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